Acima e abaixo temos precisamente a mesma tira da 20ª prancha de O Mistério da Grande Pirâmide, uma aventura de Blake & Mortimer desenhada em 1950 por Edgar Pierre Jacobs que, como se deduz pelo título, se passa no Egipto. Só que a mais acima é a de um velhinho álbum das Edições Verbo algures da década de 60 enquanto a de baixo é de um álbum uns 25 anos mais jovem, publicado pela Meribérica/Liber. Em qualquer dos álbuns, omitiu-se o nome do tradutor da obra, o que foi uma injustiça para o trabalho de tradução. Mas convido quem conheça o autor e as personagens a reparar na diferença desses trabalhos, especialmente no comentário central do Coronel Olrik (o sempiterno vilão da saga) e na vantagem da tradução mais antiga. É que é muito mais consistente com os traços da personalidade desagradável de Olrik que ele se referisse ao texto (para si incompreensível) pedindo uma tradução para língua de gente do que para linguagem corrente. Sugere um sentimento de superioridade racial que não seria descabido existir num europeu no Egipto da época de concepção da obra (1949/51), por muito que a evolução dos costumes a tenha tornado politicamente incorrecta. Aliás, essa correcção política percebe-se noutros pormenores para além do discurso, como a tez do interlocutor de Olrik, um egípcio, que ficou muito mais clara nos 25 anos que transcorreram entre as duas edições.
No "Segredo da Atlântida", os açorianos são caracterizados com uma cor igual à do egípcio na versão mais velha... :-)
ResponderEliminarSem esquecer a dos açorianos mas ainda sobre o mesmo tema, nessa aventura o que acho mais intrigante é mesmo a tez "trigueira" dos atlantes apesar das gerações sucessivas vivendo debaixo do solo.
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