Se actualmente já não se sabe quem foi Samuel Insull (1859-1938), a importância deste homem de negócios norte-americano de origem inglesa durante o primeiro terço do Século passado poderá ser avaliada pelo facto de ele ter sido escolhido por mais do que uma vez para figurar na capa da reputada revista Time, uma delas, por uma malograda coincidência, a da edição da semana seguinte à do grande Crash da Bolsa em Wall Street de Outubro de 1929.
Esse episódio ter-se-á revelado um péssimo presságio para a holding que controlava os diversificados interesses de Insull, que colapsou uns escassos meses depois com o agudizar da Grande Depressão, arrastando consigo as aplicações de mais 600.000 accionistas. Na sequência, Samuel Insull fugiu inicialmente para Paris e depois, em Outubro de 1932, quando os Estados Unidos pediram a sua extradição à França, para a Grécia, com quem os Estados Unidos não tinham nenhum acordo a seu respeito. Mas o longo braço do poder institucional dos Estados Unidos assegurou que o antigo magnata passasse uns anos intranquilos até ser finalmente capturado na Turquia em 1934 e deportado de volta a casa para ser julgado.
O julgamento teve lugar na sede do seu antigo império financeiro, em Chicago, período durante o qual o réu permaneceu preventivamente preso na prisão de Cook County. Contudo, o julgamento concluiu-se com a absolvição de Samuel Insull de todas as acusações. De todo o processo, que terá sido possivelmente o mais mediático de todas as falências ocorridas durante a Grande Depressão, as melhores memórias para os que perderam com ela o seu dinheiro deverão ter sido as da fotografia abaixo.
Nela, o prisioneiro Samuel Insull, com um aspecto imaculado, óculos pince-nez, bigode meticulosamente aparado, chapéu mole de aba revirada, sobretudo de fazenda e polainas brancas sobre sapatos que se adivinham escrupulosamente engraxados, aparece à porta da penitenciária (de robustez marcada pelos rebites) submetido ao olhar escrutinador de um carcereiro de aspecto plebeu, boné e pulôver de lã, mas com o símbolo do poder – o cadeado! – na mão.
Mas o que eu quero extrair de toda esta história, mais do que a minha previsão de como virá a ser o desfecho judicial do caso BPN que, considerado o tempo já decorrido, não irá divergir muito do de Samuel Insull, é o meu lamento que não tenhamos uma fotografia com Oliveira e Costa (e/ou com Dias Loureiro…) figurativamente tão rica como a de cima, pelo menos para mais tarde recordar…
Não vamos mais longe! Também podemos recordar a D.ª Branca, a primeira versão do BPN, que não precisou de nascer duas vezes para ser mais séria que os administradores do banco... mas que teve o azar de ser presa, julgada e condenada.
ResponderEliminarAinda hoje penso que foi vingança, por concorrência (leal!) à Banca...