Se bem me lembro, por volta de 1975, este nosso jardim à beira-mar plantado dispunha de cinco organizações que se reclamavam da designação de partido comunista cá do sítio. Havia o PCP clássico, o que seguia tradicional e incondicionalmente as directivas soviéticas, herdeiro de Lenine e Estaline, havia um outro que se apresentava reconstruido, o PCP(R), o que preconizava que houvera uma destruição algures durante a cisão sino-soviética da década de 60, havia um terceiro (que afinal eram dois), que realçava a sua fundamentação ideológica invocando os pensadores Marx e Lenine intitulando-se PCP (M-L), sendo a extensão as iniciais de Marxista-Leninista, mas cuja existência fora decisivamente muito mais afectada pelos pensamentos dos camaradas Mendes e Vilar quando estes haviam criados estruturas paralelas e inimigas sob aquela mesma designação e finalmente havia o PCTP dos trabalhadores portugueses, resultado do trabalho de reorganização do partido do proletariado no exuberante movimento que o antecedera, o MRPP.
Era muito partido comunista para um país tão pequeno e torna-se fácil perceber porque, para adoptar a terminologia leninista que todos os cinco subscreviam, perante tanta vanguarda esclarecida da classe operária, esta nossa dita cuja, o proletariado português, antes de se unir com o do resto do Mundo, vacilava entontecido diante de tantas propostas mais ou menos idênticas para lhe concederem de justiça a ditadura sobre todo o resto da sociedade. No fim, acabou por não haver nenhuma ditadura – felizmente – fosse ela do proletariado ou invocando quaisquer outros valores virtuosos. Parodiando e adaptando o título de uma famosa peça de teatro de Luigi Pirandello que fora escrita cinquenta anos antes, quanto tais conceitos de classe ainda teriam significado, aqueles tempos do PREC foram momentos extremamente confusos, em que já não se percebia se eram cinco partidos comunistas à procura de um proletariado ou se seriam cinco proletariados à procura de um partido…
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