Com a descoberta de que alguns dos passageiros do táxi do primeiro-ministro norueguês haviam sido contratados propositadamente para figurarem nos vídeos, parece confirmar-se aquela máxima que estabelece que quando, à primeira vista, as acções dos políticos parecem ter um sucesso retumbante… é porque foram encenadas para o terem. Já em 1956, o então senador John F. Kennedy publicou um livro com oito biografias de antecessores seus no Senado que ele louva pela sua coragem. Deu à obra o título de Profiles in Courage, esta tornou-se num best-seller, veio a ser distinguida com o Prémio Pulitzer em 1957, embora em circunstâncias controversas¹. Apesar da questão da autoria do livro ter sido levantada num programa televisivo da ABC em Dezembro de 1957, a questão foi abafada, muito mais quando o autor foi eleito para a presidência em Novembro de 1960 e ainda mais depois dele se ter tornado num mártir, assassinado três anos depois. Anos de distanciamento porém, fizeram com que leituras mais cuidadas da obra produzissem a indicação que ela fora provavelmente escrita por Theodore Ted Sorensen (1928-2010), o discreto mas primordial assistente de Kennedy, (des)conhecido por ser o autor dos seus mais famosos discursos. Ao publicar a sua própria autobiografia aos 80 anos, em Maio de 2008, Sorensen acabou por corroborar, embora o fizesse nos termos mais benignos possíveis, que a maior parte do trabalho em Profiles in Courage lhe pertencera. John F. Kennedy concebera a ideia original do livro e supervisionara a sua elaboração, mas com excepção do primeiro e último capítulos, a sua contribuição para a redacção e investigação fora mínima. E há que reconhecer que, em termos académicos, quem quiser dar o seu nome a uma tese redigida naquelas condições, deve chumbar...
¹ A obra foi premiada ad-hoc sem que fosse sido previamente nomeada para eleição, como costuma acontecer com estes prémios – recorde-se o exemplo dos Óscares no cinema.
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