20 fevereiro 2012

SÍNDROME DE BRINON

Mesmo em França, já serão poucos os que reconhecerão o nome de Fernand de Brinon (1885-1947) que foi mais uma das várias estrelas da constelação do colaboracionismo dos anos que medeiam entre 1940 e 1944 (assinalado na fotografia acima). De origens aristocráticas e de simpatias pró-nazis, Brinon dedicou-se ao jornalismo e à política e veio a tornar-se, com a derrota francesa diante da Alemanha em Junho de 1940, uma das figuras de topo do regime de Vichy, como Delegado-Geral do Governo para as regiões da França que estavam ocupadas e eram administradas directamente pelos alemães.
A partir de 1944, Fernand de Brinon chegou a presidir ao simulacro de governo francês no exílio que os alemães criaram na Alemanha. Capturado no final da Guerra, Brinon foi submetido a julgamento. Foi durante esse julgamento que Brinon se chegou a ufanar que, através da sua intercessão, fora o francês que mais vidas salvara entre 1940 e 1944. Seria possivelmente verdade, mas Fernand de Brinon perdera-se e perdera a perspectiva, sem se aperceber como ele colaborara para a manutenção do próprio regime repressivo que lhe permitia depois considerar-se benemérito… Foi condenado à morte e executado em 1947.
Pergunto-me repetidamente se, nas actuais circunstâncias difíceis que Portugal atravessa, não se corre o risco de poder vir a descobrir que algum (ou alguns) dos nossos governantes, com a sua reputação completamente engajada na solução canónica que nos é imposta pela Alemanha, também não poderão vir a padecer no futuro da Síndrome de Brinon

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