27 fevereiro 2012

ANARCAS – A VOZ LÚCIDA DO PROCESSO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO

Em retrospectiva e pela análise do material que deixaram borrado pelas paredes, os anarquistas devem ter sido dos grupos que mais mantiveram a lucidez durante o PREC.
Se as suas máximas que inicialmente deixavam escritas pelas paredes pareciam ser de um carácter filosófico mais geral, como este Se Deus Existe, o Problema é Dele
...ou então parecessem descaradamente inspirados nas influências dos acontecimentos de Maio de 1968 em França como este Sejamos Realistas, Exijamos o Impossível..
...gradualmente, os acontecimentos do próprio PREC passaram a servir de inspiração para os seus slogans, como este Jesus Breve Vem. Todos ao Aeroporto! 32 Janeiro 25H numa analogia a apelos semelhantes pintados pelo PCP antes da chegada de Álvaro Cunhal.
Ou então este Já Não Há Eleições. D. Sebastião Volta Para a Semana em que se percebia tratar-se de uma observação associável às condições impostas pela ala mais radical do MFA para a realização de eleições livres em Abril de 1975.
Na verdade, como se percebe por este À Portuguesa, Só Conhecemos o Cozido! os autores destas frases mostravam-se muito cépticos quanto às teses promovidas por essa ala do MFA sobre as vias originais, à portuguesa, de transição para o socialismo…
Mas os comentários que mais perduraram na nossa memória colectiva foram os trocadilhos engendrados a partir das palavras de ordem militantes, proferidas tão cheias de entusiasmo quanto vazias de substância como este Viva a Dentadura do Proletariado!
Ou então, sequela de uma imperativa discussão teórica do problema da distribuição interna de poder dentro uma qualquer organização marxista-leninista à época, este inerente e antológico Abaixo os Organismos de Cúpula, Vivam os Orgasmos de Cópula!

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