Passe o facto de se tratar de um truísmo, apetece-me relembrar constantemente que jornais, revistas e livros costumam ter espessuras diferentes. Àquele mesmo assunto que num jornal se dedica apenas um punhado de colunas, numa revista pode ser tratado numa dúzia de páginas e um livro já o faz desenvolvendo-o por alguns capítulos. Sobre o assunto, tratar-se-á obviamente de patamares de informação totalmente distintos, embora possa haver – entre os jornalistas, então, é frequentíssimo… – quem não se aperceba da hierarquia.
Acontece que esta estrutura estruturalmente democrática – e também um pouco anónima – dos blogues, pela simplicidade das mensagens e pelo valor que se atribui ao estilo literário, tende a dificultar a identificação da espessura de quem aqui se pronuncia sobre qualquer assunto. O meio não é, por isso, culturalmente exigente, mas o bónus é que me tem permitido assistir aqui a verdadeiras discussões e polémicas assimétricas que clamam ironicamente pela ressurreição daquela expressão tão esquecida: a ignorância é muito atrevida!