Existe um pequeno episódio em As Jóias de Castafiore, quando a famosa cantora chega ao seu quarto no Castelo de Moulinsart e resolve dar um ar do seu famoso charme apreciando e classificando o estilo da mobília: – É Henrique XV, não é verdade? – Luís XIII, minha senhora – corrigiu o discreto Nestor. Responde a diva, para ficar com a última frase: – Naturalmente, era o que eu queria dizer! (acima).Hergé (conhecido pela sua atenção aos detalhes nos seus álbuns) mostra-se ali arrasador para um certo tipo de cultura de salão, tão habilidosa nas suas fórmulas evasivas quanto obtusa à dimensão dos disparates proferidos. A História de França regista dezoito reis com o nome de Luís mas apenas quatro com o nome de Henrique. Um Henrique XV é assim um monarca (e um estilo…) completamente fora de contexto…
Ontem falei num outro poste de análises políticas delirantes em que o autor se comporta como se conseguisse ver nus em modelos envoltos em espessos sobretudos. Hoje gostaria de acrescentar que também já li por aí algumas análises históricas em estilo henriquino, o do décimo quinto de seu nome… Testos onde não vale a pena fazer comentários rectificativos porque, naturalmente, era aquilo que o autor queria dizer - e às vezes, nem isso!...
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