Depois de um demorado trabalho preparatório para convencer os seus 662 ocupantes, entre 24 de Junho e 7 de Julho de 1995 o Edifício do Parlamento Alemão (o Reichstag) foi embrulhado. Tratou-se de uma criação artística da dupla Christo e Jeanne-Claude que necessitou de mais de 100.000 metros² de um tecido sintético à prova de fogo coberto de folha de alumínio e de 15 quilómetros de cordas para além de 5 dias de trabalhos prévios até à concretização do resultado final da obra que se pode apreciar na fotografia abaixo. De acordo com os dados da organização aquela efémera obra de arte terá sido visitada por 5 milhões de pessoas, para além das outras centenas de milhão que a viram por todo o Mundo, apresentada por uma comunicação social onde raramente se registaram opiniões sobre a valia estética do tão badalado projecto...
Será o momento recente da História em que a realidade mais se aproximou do argumento do famoso conto As Roupas Novas do Imperador de Hans Christian Andersen (1805-1875), aquele conto em que um aldrabão, passando por alfaiate, prometeu umas vestes mágicas ao monarca e em que este, por puro pretensiosismo, acabou por vir passear nu para o meio da multidão… e ser exposto por uma criança! Realce-se que, neste caso, o seu equivalente, o chanceler Helmut Kohl, não se comportou de acordo com o guião – Kohl achava a ideia um disparate e dissociou-se visivelmente do evento, abstendo-se de comparecer. Quanto aos equivalentes da criança que no conto original denunciam o embuste, as denúncias terão sido abafadas pela máquina da comunicação social. Conforme o original, apenas o alfaiate e os papalvos apreciadores da obra…
Mas a melhor caricatura que conheço a respeito desta estética artística orientada para a criação de eventos únicos (como será a especialidade de Christo e Jeanne-Claude) é a figura de Eleonoradus, um director teatral arrojado que aparece em Astérix e o Caldeirão. Preso por causa da representação de uma das suas peças que acabou por irritar o Prefeito (por culpa de Obélix…), Eleonoradus recusa-se a ser libertado por causa do contrato para uma representação em Roma, no circo. Uma única representação, mas que representação! Com leões e tudo!... Será muito ao vivo (acima). Apesar de tudo, a dupla moderna mostra-se muito menos idealista do que a caricatura: em 1998 processaram judicialmente uma empresa por vender bilhetes-postais com a fotografia do Reichstag embrulhado sem a sua autorização – e venceram.
Mas a melhor caricatura que conheço a respeito desta estética artística orientada para a criação de eventos únicos (como será a especialidade de Christo e Jeanne-Claude) é a figura de Eleonoradus, um director teatral arrojado que aparece em Astérix e o Caldeirão. Preso por causa da representação de uma das suas peças que acabou por irritar o Prefeito (por culpa de Obélix…), Eleonoradus recusa-se a ser libertado por causa do contrato para uma representação em Roma, no circo. Uma única representação, mas que representação! Com leões e tudo!... Será muito ao vivo (acima). Apesar de tudo, a dupla moderna mostra-se muito menos idealista do que a caricatura: em 1998 processaram judicialmente uma empresa por vender bilhetes-postais com a fotografia do Reichstag embrulhado sem a sua autorização – e venceram.
A esta "arte" pode-se chamar, e com toda a propriedade, efémera.
ResponderEliminarPara empregar uma expressão quase homófona, "esta arte é merda".
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