28 novembro 2010

REFLEXÕES SOBRE POPULISMO

António Marinho Pinto foi reeleito Bastonário da Ordem dos Advogados. Que a sua vitória tem um forte conteúdo pessoal percebe-se pelo facto de, tendo ganho claramente com 46% dos votantes a sua disputa eleitoral para aquele cargo, a lista sua aliada que concorria para o Conselho Superior da Ordem acabou sendo derrotada. E o destaque dado por jornais como o Correio da Manhã a este ultimo aspecto das eleições apenas realça quão indigesta terá sido a sua reeleição junto de alguns estômagos mais sensíveis (abaixo)…
É engraçado acompanhar o percurso e a crescente projecção mediática de Marinho Pinto, quando comparado com outros vultos do corporativismo nacional, que se tornaram, como ele, presenças regulares da televisão – como Pedro Nunes (Médicos), João Palma (Magistrados do Ministério Público), João Cordeiro (Farmácias), José Manageiro (GNRs), António Martins (Juízes), Hélder Silva (Pilotos), Ferraz da Costa e Francisco Van Zeller (patrões em geral) ou Carvalho da Silva e João Proença (trabalhadores em geral).
Adoptando um estilo genuinamente populista durante as suas aparições televisivas, Marinho Pinto parece ter adquirido uma aura de simpatia junto de uma certa faixa da sociedade que excede em muito a classe profissional que representa. Para isso, produz afirmações evidentes – que o Caso Freeport era uma aberração jurídica que só se sustinha por causa da possibilidade de associação de José Sócrates ao assunto ou que a própria classe também devia punir os seus próprios escroques como João Vale e Azevedo – ou…
…engaja-se em combates televisivos contra aqueles que serão percebidos do outro lado do ecrã como poderoso(a)s e abusadore(a)s desse poder, qual Robin dos Bosques mediático (acima). Embora não exista qualquer sondagem sobre a popularidade de Marinho Pinto, parece que o estilo lhe granjeia francas simpatias, pelos menos as suficientes para o destacar dos outros protagonistas corporativos. Suponho que este resultado deva ser motivo de reflexão para aqueles que tratam da imagem dos nossos políticos de ponta.
O sucesso do populismo de Marinho Pinto é a demonstração que os mecanismos desse fenómeno vão muito para além da imagem e que ele não pode ser substituído pelas trivialidades tontas que costumamos ver associadas tanto a José Sócrates como a Passos Coelho. Em concreto, não se faz a mínima ideia onde Marinho Pinto passa as férias, se faz jogging ou prefere cantar nos seus tempos livres, se é poupado ou gastador, quais as prendas que irá dar no Natal ou se alguma vez já deixou de fumar depois de ter sido recriminado

3 comentários:

  1. Excelente post. Na verdade Marinho e Pinto, populista ou não, é visto como alguém que não tem qualquer problema em dizer o que pensa, em ser coerente e em defender as suas ideias, independentemente das antipatias que pode desencadear. Vão escasseando pessoas assim.

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  2. O líder da Fenfrop ficou de fora de propósito?

    Segundo li hoje a sic está em nogociações com uma senhora que Marinho e Pinto deixou a falar sozinha. Ou seja, se calhar também se aconselha com agências de pouco gabarito!
    Digo eu....

    :)))

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  3. O líder da Fenprof ficou de fora por «excesso de quorum», o mesmo excesso que impediu a inclusão da Avoila e do Picanço, por exemplo, nomes que só agora me ocorreram.

    Quanto à senhora de que fala Maria do Sol, a confirmar-se o interesse da SIC nos seus préstimos, já a adivinho a reunir-se a Mário Crespo e Medina Carreira num programa baptizado "Plano Quase na Vertical", que terá tanto a ver com informação ponderada como a semelhança existente entre o boxe e o «wrestling»...

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