31 de Julho de 1972. Um avião DC-8 da Delta Air Lines que fazia uma ligação doméstica entre as cidades de Detroit e Miami quando foi sequestrado por um grupo de passageiros - mais tarde apurou-se que o grupo era composto por cinco adultos e três crianças e que os adultos pertenciam ao Black Liberation Army, uma organização radical armada de afro-americanos. O avião aterrou em Miami como previsto e foi nesse aeroporto que se realizaram as negociações com os sequestradores. Para libertarem os 86 passageiros os sequestradores exigiram um resgate de um milhão de dólares e são as operações de entrega do resgate que as fotografias mostram: como medida de segurança, para retirar quaisquer possibilidades que o fizessem armados, foi exigido aos agentes que procederam à entrega do dinheiro que só vestissem trousses. Foram imagens que humilharam as autoridades em geral, e a do FBI (que conduzia as negociações) em particular.
Depois da recepção do resgate e já transportando apenas a tripulação e os sequestradores, o avião voou para Boston, onde foi reabastecido para uma viagem transatlântica até Argel. À chegada, não tendo concedido asilo político aos piratas do ar, as autoridades argelinas apreenderam o aparelho, o dinheiro do resgate e libertaram a tripulação, devolvendo-os à origem. Mas os sequestradores não foram extraditados. Fazendo-se eco do que dizia a imprensa internacional, o que o Diário de Lisboa destacava do episódio no dia seguinte era o facto dos sequestradores serem negros. Mas o futuro iria reservar uma muito maior intimidade entre Portugal e um dos protagonistas desta acção terrorista... Quatro dos cinco foram capturados em 1976 em França e aí julgados e condenados a três anos de prisão ,sendo libertados em 1981. O último permaneceu desaparecido durante quase 30 anos depois disso, até ser descoberto em 2011, a viver em Portugal, com um nome falso, mas possuidor de uma genuína cidadania portuguesa. O pedido de extradição norte-americano foi recusado por causa desse motivo.