09 outubro 2018

COMO AS «NOTÍCIAS» DE MARCELO SÃO BOAS DEMAIS PARA DEITAR FORA

Marcelo Rebelo de Sousa tem-se mostrado, de longe, o político mais habilidoso a manipular o bloco da comunicação social em seu proveito, destronando de há muito um outro habilidoso rival chamado Paulo Portas (para quem já se tenha esquecido de como foi e queira agora subestimar este último, recordo-lhe o episódio da Vichyssoise...). Usar a comunicação social é uma habilidade que não se confunde com a da aquisição de popularidade: Marco Paulo sempre foi um cantor popular, mas isso acontece apesar de raramente se encontrar um artigo positivo a seu respeito na comunicação social. E o inverso vale para Paulo Portas, apesar de todos os seus passeios pelas feiras. Agora, estas habilidades de Marcelo são pregadas com uma tal mestria que, mesmo os órgãos políticos de comunicação social com agendas contrárias à sua, acabam por ter que apanhar o autocarro por causa da qualidade da notícia. No caso que se exibe, o twist de malícia final consiste na aparência de que Marcelo é a vítima que apenas se desforra (abaixo). Entre o presidente e o seu antecessor, a trincheira do Observador fica indubitavelmente do outro lado, mas, está para além da disciplina política de quem dirige o jornal, desaproveitar a farpa acima de Marcelo e abster-se de gozar com a tacanhez dos gostos intelectuais de um aliado como Cavaco Silva.
Aproveito para recordar que a "falta de senso" a que Marcelo mais acima se refere foi a "opus magnum" de Sousa Lara, o veto do subsecretário de Estado da Cultura do governo de Cavaco Silva à apresentação a concurso de uma das obras de José Saramago a um prémio literário europeu. «Para além de blasfemo, é muito mau» era a opinião oficial estampada nos jornais. Pena que dali por meia dúzia de anos, o comité Nobel manifestasse uma outra opinião... Cavaco Silva acabou associado a um daqueles momentos que a evolução histórica tornou supimpamente ridículos e que me fazem lembrar aritmeticamente o resultado de uma multiplicação de 999 x 0, sendo 999 a dimensão do ego de Sousa Lara e a outra parcela a competência e relevância da sua pessoa como crítico literário...

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