Há precisamente 100 anos, a 10ª flotilha de torpedeiros da armada imperial alemã recebeu por missão atacar pela calada da noite o porto e base naval russa (hoje estónia) de Paldiski. Compunham a flotilha atacante onze torpedeiros de aspecto semelhante ao da fotografia acima: o V43. Ao contrário de quase todas as outras suas congéneres, a Kaiserliche Marine não tinha por tradição baptizar os seus navios menores, como é o caso destes torpedeiros deslocando cerca de 1.000 toneladas e com uma tripulação rondando os 80 homens. A missão começou mal: à aproximação de Paldiski, a flotilha deparou-se com um campo de minas previamente colocadas pelos russos e o V75 atingiu uma e começou a afundar-se vagarosamente. O S57 aproximou-se para recolher a tripulação. Depois foi o próprio S57 a atingir uma outra mina e a começar-se a afundar por sua vez. As duas tripulações tiveram que ser redistribuídas pelos outros navios. Chegados ao objectivo, descobriu-se que as informações que haviam desencadeado a missão estavam enganadas: não havia navios russos na base naval. Mesmo assim, e para não desperdiçar o esforço, o comandante von Wieting deu ordens para bombardear a cidade, numa barragem de artilharia com cerca de 160 tiros, que provocaram a morte de 10 pessoas e danos em 36 edifícios. Depois os navios retiraram e os problemas aumentaram. O campo de minas dos russos era maior e mais denso do que aquilo com que os alemães inicialmente contavam. No regresso, o primeiro torpedeiro a atingir uma mina foi o V72. Mais uma vez houve que proceder à transferência da tripulação. Cinco minutos depois foi o G90. Neste, a explosão da mina causou onze mortos entre tripulação e passageiros. E lá houve mais um transbordo. Meia hora depois aconteceu ao S58. Mas a noite ainda não acabara: duas horas depois, quando ressuscitara a esperança que já se ultrapassara o campo de minas, o S59 acertou na sua mina. E uns 50 minutos depois disso saiu o prémio ao V75. É o que se pode dizer com propriedade que terá sido uma noite para esquecer para os pergaminhos da Kaiserliche Marine. Contudo, apesar das perdas materiais (sete navios afundados!), os alemães só registaram 15 mortos. No fim da missão, os 4 torpedeiros sobreviventes, transportando em média aquilo que seria quase o triplo da sua dotação normal, assemelhar-se-iam mais a transportes de tropas do que a navios regressados de uma missão de combate... A hegemonia naval da marinha alemã no Mar Báltico era um exercício que convinha ser exercido com muito mais cautelas.
Esta é uma história de guerra esquecida. Sendo um embaraço para os alemães, também não se recolhe dela grande glória para as armas russas para que estes a publicitem. E como se tratou de uma acção de guerra travada na Frente Oriental, evocá-la também não será uma das grande preocupações dos países beligerantes ocidentais. Mas não é por isso que deve ser esquecida.
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