31 outubro 2016

AS RAZÕES HISTÓRICAS PARA QUE AS REPUTAÇÕES DOS «SCHÄUBLES» SEJAM SEMPRE DE DESCONFIAR

Na semana passada referi-me aqui no Herdeiro de Aécio a dois casus belli que os norte-americanos deliberadamente ignoraram na segunda quinzena de Outubro de 1941, evitando os pretextos do ataque (e afundamento) de dois dos seus navios de guerra por submarinos alemães para se passarem a confrontar abertamente com a Alemanha (e a Itália). Hoje passa a efeméride (75 anos) de um desses dois incidentes, precisamente o mais grave, o afundamento do USS Reuben James, o que é um belo pretexto para que falemos da carreira do comandante do submarino alemão que cometeu a proeza, o capitão-tenente Erich Topp. Erich Topp conta-se entre um dos mais reputados comandantes de submarinos da Kriegsmarine durante a Segunda Guerra Mundial: considerando o ranking com a tonelagem dos navios afundados pelos submarinos que comandaram, Topp classificar-se-á em terceiro lugar e é, simultaneamente, um dos oficiais mais novos da lista. Curiosamente não terá começado a sua carreira da melhor forma, porque os seus dois primeiros afundamentos no Verão de 1940 foram de navios suecos (um país que era e permanecerá neutral até ao fim do conflito). Talvez a ponderação não fosse o seu forte... Mas o resultado da sua actuação nos dois anos que se seguiram àquela estreia destacam-no muito acima dos seus pares. Tornado numa das referências da arma e do ramo, a sua existência foi preservada recatadamente em funções de instrução no Báltico. a partir de 1942. Em 1945, com o fim da Guerra e durante um hiato de 13 anos, Topp reconverteu-se à vida civil tendo-se formado e trabalhado como arquitecto. Em 1958 reingressou na Marinha de Guerra da República Federal Alemã (Bundesmarine) com a patente de Capitão de Mar e Guerra, sendo depois promovido a Comodoro e Contra-Almirante (acima, à direita). Um dos nossos, no conceito da Guerra Fria. Desempenhou funções na NATO e esteve colocado como adido em Washington. Passou à reserva em 1969, com 55 anos. Foi trabalhar com a HDW, uma construtora naval de Kiel com vocação para a área militar. É um daqueles alemães da sua geração em que é inegável o reconhecimento do mérito pessoal e profissional, mas sem se poder descartar o desconforto quando se sabe que se trata de um militante do partido nazi desde 1933 e membro das SS desde 1934... Wolfgang Schäuble tinha dois anos e meio quando a Guerra acabou e é improvável que o pai, qual benfiquista furioso, também o tivesse feito membro do partido nazi desde pequenino... Mas, durante décadas, os exemplos como este de Erich Topp abundaram, gente muito capaz mas politicamente muito pouco confiável, conferindo aquela impressão que se perpetua até hoje, que diante de qualquer alemão de destaque é perigoso ir vasculhar-lhe o passado, porque há uma alta probabilidade de aparecer uma qualquer história sórdida de nazismo.

1 comentário:

  1. Não resisto a uma pitada, quiçá, de humor negro. É que, atenta a conduta de Schäuble, nomeadamente no que toca a Portugal, o homem nem me parece Alemão. Antes estará mais conforme à generalização que o Nacional-Socialismo injustamente pintava dos Judeus. Pergunto-me porque será. De todo o modo, a juntar a tantos horrores, tanto o Adolfo como a Stasi parecem não ter dado por ele...

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