30 novembro 2019

O ESCÂNDALO MALTÊS

Em Malta, rebentou o escândalo completo quando uma contribuição inusitada - um cão farejador de notas! - deu um impulso inesperado às investigações - que se arrastavam - sobre o assassinato de uma jornalista de investigação que havia tido lugar há mais de dois anos. O país é pequeno mas o escândalo é grande! O puxar dos fios desta nova meada levou o assunto para onde sempre suspeitou que estivera a origem: os próximos do primeiro ministro maltês. Mas o que adiciona um requinte de canalhice mafiosa a todo o escândalo está a ser a resistência do primeiro-ministro a fazer o que se esperaria de si. No mesmo dia e em diferentes jornais portugueses, tanto se anuncia a sua demissão, como não. Na última versão, ainda lá está. Numa época em que é a realidade cada vez mais a copiar a ficção, a farsa da demissão que já está escrita nas estrelas antes do visado saber que se vai demitir, reproduz flagrantes semelhanças com cenas de uma série política britânica, "The Thick of It" (veja-se o video abaixo), série que infelizmente nunca foi transmitida por cá. Uma infelicidade que é recíproca, porque os argumentistas da série também nunca pensaram em Portugal como fonte de inspiração para as suas personagens: a aparição de um político-animal-feroz inspirado em José Sócrates na intimidade poderia ter sido, nas últimas temporadas da série, um contraponto interessante ao bullying de Malcolm Tucker, que era o director de comunicação e homem de mão do primeiro-ministro naquela série, famoso pelo chorrilho de palavrões como se dirigia aos outros.

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