Os observadores da actualidade internacional que se surpreendem com acontecimentos em sítios inóspitos e exóticos (como é o meu caso e o do Nuno Rogeiro), foram surpreendidos com o anúncio (acima) da resignação do presidente Nursultan Nazarbaev do Cazaquistão. Compreende-se. Com um passado de vinte e sete anos e meio de poder ininterrupto, ainda recentemente (Abril de 2015) reconduzido por 97,7% dos votos numa eleição onde participaram 95,1% dos seus concidadãos, Nazarbaev parecia ser o exemplo acabado do estadista indispensável para o seu país até à hora da morte. Ora, como eu já escrevi aqui no Herdeiro de Aécio há uns anos, dá-se a coincidência curiosa que, no Cazaquistão e como acontecia em Angola, a filha do presidente é uma pessoa extremamente rica, quiçá entre as mais ricas do país: a Isabel dos Santos cazaque chama-se Dinara Kulibaeva. Ou seja, não é bem uma coincidência: são duas vezes duas coincidências, quatro coincidências no total, o que é mesmo muita coincidência para países que transitaram para o capitalismo vindos do marxismo-leninismo. Mas adiante. O que nos interessa agora é verificar se aquilo que já aprendemos com Angola e com o que aconteceu à capacidade empresarial perdida de Isabel dos Santos depois do pai abandonar o cargo, se pode replicar futuramente naquele país das estepes com Dinara Kulibaeva. É uma forma rebuscada, mas que julgo segura, de seguir os acontecimentos. Se Dinara perder subitamente o jeito para os negócios, a coincidência (outra!) poderá ser interpretada como uma perda do controle do aparelho político por parte de seu pai. Os cataventos que mostram a direcção e sentido para onde eles sopram, sempre foram conhecidos por poderem ter decorações bem estranhas...
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