15 maio 2020

O AJUSTE DE CONTAS COM OS COLABORACIONISTAS E OS COMPROMETIDOS

15 de Maio de 1945. Terminada há uma semana a Segunda Guerra Mundial, por toda a Europa começava o ajuste de contas com o passado recente, tivesse ele sido na Checoslováquia anexada ao Reich, na Dinamarca ocupada pelo Reich ou ainda na França que colaborara com esse mesmo III Reich.  E estes eram apenas alguns exemplos recolhidos de notícias várias da edição daquele dia do Diário de Lisboa. Os ajustes de contas multiplicavam-se por todos os países da Europa que se haviam visto nas mesmas condições. Em todos eles, há 75 anos, a germanofilia era um predicado muito pouco saudável

2 comentários:

  1. Comeca o ajuste de contas e concomitatemente comecam as "Ratlines" que haviam andado a ser preparadas ha anos a ser postas em funcionamento!

    https://en.wikipedia.org/wiki/Ratlines_(World_War_II_aftermath)

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  2. Não sei se fará sentido associar os dois episódios.

    a) Este ajuste de contas começou de imediato no após guerra ou mesmo ainda quando de ela em curso. As «ratlines» de fuga para a América Latina (mas não só, o Egipto e a Síria acolheram alguns) só vieram a ser estabelecidas um punhado de anos depois.

    b) Os visados nestes ajustes de contas eram sobretudo os nacionais dos países onde eles tinham lugar, só em casos residuais envolveu alemães. Entre os protagonistas das «ratlines» acontecia precisamente o contrário: havia uma esmagadora maioria de alemães com algumas incidências marginais de croatas, húngaros, etc.

    c) Os ajustes de contas visavam sobretudo figuras proeminentes. As «ratlines» só podiam «transportar» pessoas secundárias. Claro que hoje todos sabemos quem foi em Eichmann, mas em 1945, ele e todos os comandantes dos campos de concentração eram pessoas desconhecidas.

    Para fazer uma comparação concreta distinguindo os dois casos e começando por olhar para a coluna da direita das notícias e veja-se como o governo espanhol estava com uma "batata quente" entre mãos com a presença de Pierre Laval no seu território; Laval não tinha sítio para onde fugir e teve que ser entregue aos franceses que o julgaram, condenaram à morte e executaram (1945). Em contrapartida, o construtor aeronáutico Émile Dewoitine, que colaborara com os alemães, e se refugiara na mesma Espanha ainda em 1944, podia nesta altura passar "por debaixo dos radares" e mesmo aproveitar uma «ratline"» para se mudar para a Argentina em 1946. Dewoitine foi julgado e condenado em 1948 a 20 anos de trabalhos forçados. Mas o importante foi manter-se ao "fresco" durante aqueles primeiros anos de vingança.

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