04 maio 2020

A FÁBULA DO PRESIDENTE QUE NÃO RESISTE E ADORA DIZER «COISAS»

Alguém (quiçá o próprio!) terá plantado na comunicação social a fábula de que temos um presidente que não perdeu os tiques de comentador e que adora dizer coisas. Mais uma vez, um dos episódios deste fim de semana veio demonstrar o quanto isso não é verdade e de como, quando lhe convém, a suposta compulsão de Marcelo para comentar tudo e um par de botas à frente dos jornalistas só aparece em ocasiões propícias. O assunto sobre o qual ele poderia ter dito imensas coisasforam as manifestações d(e a mobilização para )o 1º de Maio da CGTP e o formato de que se poderiam revestir as manifestações religiosas em geral nestes tempos de pandemia, assunto sobre o qual o comentador-presidente se poderia pronunciar parcialmente ex-cathedra dada a sua conhecida condição de católico praticante (embora não de marxista-leninista praticante, reconheçamos...). Mas não. Houve polémica mas o presidente passou-lhe ao largo, como aliás passaram de largo também os colegas de governo da ministra da Saúde, o próprio primeiro-ministro e o ministro Eduardo Cabrita, que sobraça a pasta que lida directamente com ajuntamentos e essas outras coisas melindrosas nos dias que correm, coisas essas com as quais nem Marcelo, nem Costa, nem ninguém quererá estar associado. Nitidamente, sobre Fátima e a analogia com o que acontecera na alameda, este fim de semana e quando a música parou por causa do que dizer a respeito de Fátima, Marta Temido foi a única que não tinha cadeira onde se sentar... E entretanto, e para voltar à fotografia acima e ao título deste poste, não houve, neste tempo todo, ocasião para perguntar nada ao presidente?...

Adenda: Algumas horas depois da publicação deste poste, Marcelo Rebelo de Sousa já se referiu a uma parte dos temas, mormente à cerimónia da CGTP, que ele teria desejado "mais restritiva" (o que desmente frontalmente o que já havia sido publicado a esse repeito pelo Expresso). Por outro lado, Marcelo aproveitou a bucha noticiosa para meter uma referência a um telefonema que recebeu do presidente irlandês (dão-se alvissaras a quem souber o nome do senhor sem cábulas...), numa nítida rectificação ao tiro auto-flagelatório que constituiu a menção ao telefonema de Donald Trump.

2 comentários:

  1. Marcelo já comentou, afastando-se de imediato de qualquer responsabilidade no assunto.

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  2. Pena que o afastamento se confronte com aquilo que havia sido publicado já há três dias pelo Expresso (veja-se a ligação na minha adenda). E três dias para um presidente-comentador que adora comentar tudo são uma eternidade...

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