02 agosto 2018

O DIA EM QUE DE GAULLE FOI CONDENADO À MORTE

2 de Agosto de 1940. Um tribunal militar francês sediado em Clermont-Ferrand condena, à revelia, o general de Gaulle «à pena de morte, à destituição militar e à confiscação dos seus bens.» Foi acusado de «traição, de atentado contra a segurança externa do Estado e de deserção para o estrangeiro em tempo de guerra». A notícia é dada num pequeno canto inferior de um jornal português (acima) mas, mesmo assim, tem o destaque de constar da primeira página. Mas nos jornais franceses o destaque é, naturalmente, muito superior.
Mas se, para os jornalistas, a história (deles) tende a acabar quando o assunto é assim promovido a cabeçalho de jornal, este é um exemplo flagrante de que a outra História costuma não acaba por ali. Basta dar-se tempo ao tempo e muita espampanância noticiosa é reduzida às suas verdadeiras dimensões. Cinco anos passados, contados quase dia a dia, a 15 de Agosto de 1945, a situação invertera-se em 180º. O réu de 1940, o condenado à morte, era agora o juiz por detrás do braço judicial que proferia a mesma sentença a respeito daquele que fora o juiz oculto em 1940 (Pétain).
Com uma diferença substancial: este réu já não estava a ser julgado à revelia, daí a recomendação do júri para que a pena capital, apesar de sancionada, não fosse aplicada. Compreensível a diversos títulos (a idade e os feitos do réu) mas, mesmo assim, há algo que nem mesmo os historiadores (muito menos os jornalistas...) terão destrinçado bem, apesar dos mais de 70 anos passados: as relações ambíguas de antes da Guerra entre Philippe Pétain e Charles de Gaulle.

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