17 agosto 2018

A ÚLTIMA REMODELAÇÃO GOVERNAMENTAL DE SALAZAR

Edição do Diário de Lisboa de 17 de Agosto de 1968. Já se haviam passado duas semanas depois do então desconhecido, mas hoje imensamente invocado, episódio da queda da cadeira do presidente do Conselho, quando se noticia que Salazar procedera à que seria a última remodelação ministerial do seu governo. Tudo normal, portanto, tratava-se de uma daquelas remodelações de fundo e alargadas, sem a pressão política dos acontecimentos, aproveitando o período de férias (como fora a de 1958, depois da posse de Américo Tomás), remodelação essa que passava pelo aparecimento de seis novos ministros para as pastas do Interior, Educação, Saúde, Finanças, Exército e Marinha. Também haviam sido escolhidos outros quatro novos subsecretários de Estado. A aparência da situação política estava, por isso, muito longe de deixar adivinhar aquilo que estaria para acontecer daí por um mês. Reforço formalmente anacrónico da continuidade do regime, esclareça-se que o governo estava em funções há trinta e dois anos e meio (tomara inicialmente posse a 18 de Janeiro de 1936*). Desde lá, todos os seus titulares já haviam (naturalmente) rodado, com excepção do omnipresente presidente do Conselho...

* Nessa altura, e só para dar um exemplo, o recém empossado ministro do Exército, brigadeiro Bettencourt Rodrigues, então com 17 anos, ainda frequentaria o sétimo ano do liceu.

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