14 agosto 2018

FOTOGRAFIA DE UMA PRAIA CHEIA DE INGLESES, COMO ELES GOSTAM

Circula por aí uma notícia típica de silly season, que nos conta as desventuras de uma avózinha inglesa de 81 anos, que foi passar um par de semanas de férias a Benidorm, Espanha, em Maio passado e que veio de lá muito desapontada. Aparecida inicialmente num jornal local britânico, o Lancashire Telegraph, a notícia propagou-se rapidamente aos tablóides e a outros jornais de maior circulação em Inglaterra, acabando por regressar aos jornais do país da origem da questão, a Espanha. Por cá, a coisa também não escapou ao Correio da Manhã. Toda a «popularidade» da notícia deve-se à forma como a velhota redigiu a reclamação que endereçou à agência de viagens que contratara. Segundo a senhora, Benidorm, e especialmente o hotel em que ficou alojada, estaria «repleto de espanhóis» e estes, na sua opinião, não se sabiam comportar (os clientes, os empregados não...). Em abono do seu cosmopolitismo, na reclamação, ela refere que já fizera férias na Grécia, Turquia, Portugal e (sic) Tenerife e que esta seria a primeira vez que reclamava por umas férias que qualificou de «desastrosas do principio ao fim». A acrescer, e como os tablóides britânicos não gostam de abandonar um assunto destes sem o explorar até ao tutano, houve um deles que foi investigar as reviews do hotel em causa, para concluir que já vários compatriotas da avózinha se haviam queixado da profusão de espanhóis alojados naquele hotel (que se situa em Benidorm, Espanha, relembre-se...). Eu sempre suspeitei que existe em todo o inglês em férias aquela opinião secreta, escondida, que os verdadeiros destinos turísticos ideais seriam aqueles que só eles os frequentariam. Já todos nos teremos cruzado com vários ingleses no Algarve que nos exprimem de uma forma inequívoca que quem está ali a incomodá-los seremos nós. E no entanto... os ingleses têm destinos turísticos deles e só para eles no seu próprio país: a fotografia acima é de Frank Horvat e foi tirada em 1960, da magnífica praia de Brighton que se estende por mais de 8 quilómetros. É verdade que o Sol - que é escasso - não impressiona nesta foto pela sua luminosidade. É verdade também que areia, nem vê-la, já que o solo é pedregoso, polvilhado de calhaus. Reconheço que também não se vê ninguém na água. Mas aqueles pontões são uma beleza e o conjunto tem a ineludível vantagem da frequência, já que, para além das duas banhistas que, em primeiro plano, compostamente se mudam, estou tentado a apostar que, até aonde a vista alcança, não haverá banhistas de uma nacionalidade diferente que não a britânica. Porque é que eles não ficam por lá? É que isto de vagar os nossos países só para que eles se instalem ao Sol mais à vontade é logisticamente complicado, não é?...

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