22 novembro 2017

DÊ POR ONDE DER: ...'TÁ MAL!

Entre ontem e hoje, o Observador, com a colaboração prestimosa da agência Lusa, tem-nos informado que essa coisa de ter antecipado os reembolsos ao FMI está mal, qualquer que seja a perspectiva pela qual a encaremos. Esqueça-se lá que, como se pode ler desenvolvidamente no interior das notícias, se trate de «uma estratégia iniciada pelo governo de Passos Coelho e prosseguida pelo de António Costa com o objectivo de gerar poupanças com os juros pagos ao FMI, mais pesados do que os que incidem sobre o montante pedido aos credores europeus.» Ou então que, mais adiante, essas poupanças com os juros estejam quantificadas: «o juro médio que Portugal paga ao FMI pelo dinheiro emprestado é de 4,3%, ao passo que os juros relativos à parte europeia do resgate não vão além dos 2,7%.» O que importa é aquilo que o jornal projecta para os títulos, sempre de conteúdo crítico para com essa prática - «absurda» - de reembolsar os empréstimos mais onerosos mais rapidamente. Tanta é a vontade de dizer mal que, no caso da notícia da esquerda, só ao quarto parágrafo da mesma é que nos apercebemos que a razão para que esteja a haver uma revisão em baixa dos reembolsos previstos para o futuro é porque se excederam as previsões dos reembolsos até agora: «Esta revisão em baixa dos montantes a pagar à instituição liderada por Christine Lagarde nos próximos dois anos surge depois de o Estado ter devolvido este ano mais cerca de mil milhões de euros do que o previsto aquando da entrega da proposta orçamental para 2018.» No que diz respeito a esta área, as políticas governamentais não se alteraram substancialmente, uns obtêm melhores resultados, outros menos. Mas o Observador consegue verdadeiros milagres, nomeadamente o de transformar em horríveis os resultados que seriam virtudes se fossem outras as circunstâncias. Será para isso que conta com a colaboração de Helena Garrido que, ao contrário de Jesus Cristo, perceberá imenso de finanças e consta até ter biblioteca... embora desconfie que ela use muito mais os livros de política do que os de economia.

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