16 abril 2016

OS POLÍTICOS QUE ATÉ PERDERIAM AS ELEIÇÕES PARA DELEGADO DE TURMA

Maria de Belém Roseira é militante do partido socialista desde há 40 anos, foi ministra por duas vezes e tornou-se uma militante tão destacada do partido que foi mesmo eleita para o cargo sempre honroso de sua presidente no XVIII congresso do partido socialista, tendo ocupado o cargo entre 2011 e 2014. Apesar de tal carreira de sucesso, foi preciso, contudo, chegar aos 66 anos para se apresentar directamente ao escrutínio do eleitorado, quando decidiu concorrer às eleições presidenciais de Janeiro de 2016. Recebeu um pouco menos de 200 mil votos (4,2%). Não me lembro de ter escutado no rescaldo dessas eleições, reflexões sobre os defeitos do nosso sistema político que permitem que estas figuras secundárias da política voguem pelo protagonismo mediático sem se exporem verdadeiramente ao escrutínio popular. É verdade que já ouvi este mesmo género de argumento mas dirigido exclusivamente a José Pacheco Pereira e sempre pelos seus companheiros, na dinâmica das antipatias que a sua intervenção mediática sempre suscita. Ora a lista de nomes que se enquadram na situação é infindável; nem me atrevo a enumerá-la. Mas, a escolher um outro exemplo, gostaria de recorrer a um que demonstra que mesmo depois dos fiascos eleitorais, parece existir uma benevolência para aqueles que mostram não ter qualquer jeitinho para aquilo que deveria ser a função principal por que um político devia ser avaliado: angariar votos.
Vital Moreira, recentemente reaparecido a propósito de um tema com que tanto lhe agrada embirrar: militares, especialmente estabelecimentos de ensino na sua dependência. Para quem não se lembre da sua última intervenção foi como cabeça da lista apresentada pelos socialistas às eleições europeias de 2009. Perdeu as eleições. Considerando que o PS estava no poder desde 2005, isso não pode ser considerado anómalo. O que o pode ser é a contundência como as perdeu: Vital Moreira teve a duvidosa honra de conseguir alcançar o pior resultado absoluto do Partido Socialista até aquela data - e até hoje. Pela primeira vez na sua história o PS não conseguiu alcançar pelo menos um milhão de votos (947.000 votos e 26,5%) numas eleições nacionais. Esses são os dados objectivos, que a contribuição pessoal de Vital Moreira para tal resultado já será subjectiva. Em termos políticos e com a antipatia que o vemos distribuir, alguém como Vital Moreira devia ser considerado assim como um fardo, um pé frio azarento, daqueles que nos tempos modernos que já não são os dele nem conseguiria ser eleito como delegado de turma. Em contrapartida, Maria de Belém pecará por ser simpática demais. E contudo, a opinião publicada parece ser particularmente condescendente com ambos e com outros como eles pela incompetência nesse aspecto tão elementar da democracia: os votozinhos, senhora deputada.

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