Associando dois temas por mim abordados em postes recentes, profecias e televisão antiga, gostaria de vos mostrar um modelo de design arrojado concebido logo no início da era da televisão: o Philco Predicta de 1958. Vários factores se combinaram para que o Predicta se viesse a revelar um fracasso de vendas. Os consumidores preferiram outros modelos mais clássicos naquele formato tradicional de caixote que todos conhecemos. Foi preciso dar tempo ao tempo para que novas tecnologias tornassem moda os ecrãs estreitos e, com ela, a recuperação dos Predicta tornados agora icónicos… Como sugeria Goscinny em O Adivinho, aqueles visionários que compreendem o futuro para além daquilo que a sociedade é capaz de acompanhar não têm utilidade nenhuma… 30 novembro 2011
PROFECIAS ANTES DE TEMPO
Associando dois temas por mim abordados em postes recentes, profecias e televisão antiga, gostaria de vos mostrar um modelo de design arrojado concebido logo no início da era da televisão: o Philco Predicta de 1958. Vários factores se combinaram para que o Predicta se viesse a revelar um fracasso de vendas. Os consumidores preferiram outros modelos mais clássicos naquele formato tradicional de caixote que todos conhecemos. Foi preciso dar tempo ao tempo para que novas tecnologias tornassem moda os ecrãs estreitos e, com ela, a recuperação dos Predicta tornados agora icónicos… Como sugeria Goscinny em O Adivinho, aqueles visionários que compreendem o futuro para além daquilo que a sociedade é capaz de acompanhar não têm utilidade nenhuma… 29 novembro 2011
«NORWAY: NUL POINTS»
O BOLETIM METEOROLÓGICO
28 novembro 2011
VENHAM OS PROFETAS!
ET: Por exemplo, precisamos de profetas que não escrevam disparates tais como Bolsas mundiais sobem impulsionadas por rumor de resgate à Itália, quando todos sabemos que o tal de rumor tanto serve para justificar a subida quanto teria servido para justificar a descida das bolsas mundiais…
O AUTOR DO PRINCIPEZINHO
Descobri ontem, ao mencioná-lo, como as biografias disponíveis on-line a respeito de Antoine de Saint Exupéry se mostram relutantes em se referirem à sua presença como repórter na Espanha da Guerra Civil de 1936-39. Talvez porque, ao contrário dos seus homólogos Ernest Hemmingway (também como jornalista) ou George Orwell (este como combatente), Saint Exupéry tivesse acompanhado a guerra do outro lado: o dos nacionalistas. Conhecendo as suas origens sociais aristocráticas não se tornará difícil descortinar em que sentido se orientariam as suas simpatias políticas nessa década de frentismos e extremismos onde, na própria França, a Frente Popular acabara de chegar democraticamente ao poder e onde Saint Exupéry pertenceria geneticamente à oposição.
Porém, para quem actualmente se encarrega de cuidar da sua imagem, Antoine de Saint Exupéry é sobretudo o autor de O Principezinho – muito mais do que Voo na Noite ou Piloto de Guerra – uma obra consensualmente aclamada, o que fará com que a sua biografia tenha de ser acolchoada dessas controvérsias políticas. Não deixa de ser paradoxal, porque o conhecimento dos factos revela-nos um Saint Exupéry que se mostrou sobretudo desencaixado das facções políticas da época: conservador mas denunciando o antisemitismo e contrário à coabitação com a Alemanha proposta por Vichy, o que o levou a alistar-se como piloto na Força Aérea da França Livre em 1943. Porém, essa atitude não o impedia de demonstrar simultaneamente um desdém não disfarçado pelo general de Gaulle…
27 novembro 2011
¡AL PAREDÓN!
Pertence ao escritor francês Antoine de Saint-Exupéry uma das sínteses mais conseguidas sobre a Guerra Civil de Espanha (1936-39) quando ele comparou a atitude complacente com que, durante os anos da guerra, se fuzilavam os adversários políticos ao acto corriqueiro de se abaterem árvores...
O gesto de aprisionar o suspeito (mais acima) era frequentemente apenas o preâmbulo do acto de encostar o prisioneiro a uma parede (o paredón...) para o passar pelas armas. E, caindo na rotina, o gesto veio a assumir um tal significado que se chegaram a fuzilar símbolos como a estátua de Cristo (abaixo)…
Mas para perceber a banalização da expressão ¡al paredón! nada se sobrepõe ao impacto desta fotografia tirada por Agustí Centelles em 1937, onde se percebe como as próprias crianças da época acabaram por vir a incorporar inocente e meticulosamente aquele ritual macabro entre as suas brincadeiras… 26 novembro 2011
O SÉCULO EM QUE OS FRANCESES QUISERAM FICAR COM O PAPADO
Em Junho de 1305, um Colégio dos Cardeais muito dividido entre cardeais de origem francesa e italiana elegeu como compromisso o francês Bertrand de Got que adoptou o nome de Clemente V (1305-1314). O compromisso resultava do facto de Bertrand não ser cardeal e não ser por isso um dos candidatos em confronto e de, sendo francês, ser originário e Arcebispo de Bordéus na Aquitânia, que era um dos feudos em França do rei de Inglaterra. Recorde-se que a eleição de um Papa francês, não sendo frequente, não era propriamente uma novidade. E acrescente-se que aqueles que esperavam de Clemente V uma conduta equilibrada entre facções rapidamente se vieram a desiludir...
Depois de Clemente V sucederam-se João XXII (1316-1334), Bento XII (1334-1342), Clemente VI (1342-1352), Inocêncio VI (1352-1362), Urbano V (1362-1370) e Gregório XI (1370-1378). Enquanto isso, a cidade de Roma agonizava economicamente sem as receitas turísticas dos peregrinos (abaixo). Não deixa de ser irónico que tenha sido uma sueca (posteriormente canonizada como Santa Brígida) a ter persuadido um dos papas franceses a reinstalar-se em Roma: Urbano V entre 1367 e 1370. Mas o Papa arrependeu-se e regressou a Avinhão mesmo antes de falecer. Em 1377, outra Santa, esta italiana de seu nome Catarina de Siena, conseguiu persuadir por sua vez Gregório XI.
A história ter-se-ia muito provavelmente repetido se Gregório XI não tivesse morrido subitamente em Roma, antes de se ter decidido a regressar a Avinhão. O Conclave que se seguiu e que teve lugar na própria Cidade Eterna foi seguido atentamente pelas suas forças vivas, particularmente interessadas na nacionalidade do sucessor de Gregório XI que os cardeais iriam escolher… Mesmo sob coacção, o Colégio dos Cardeais, que era obviamente de maioria francesa, assumiu uma opção equilibrada escolhendo um italiano, mas não um romano e que nem era Cardeal: Bartolomeu Prignano, um napolitano, Arcebispo de Bari, que tomou o nome de Urbano VI (1378-1389).
Como acontecera com Clemente V, Urbano VI também não foi o homem de consenso que a situação exigiria dele. Cinco meses depois, uma fracção do Colégio dos Cardeais (onde o bloco francófilo ainda era hegemónico apesar das nomeações de Urbano VI) reuniu-se num novo Conclave e, alegando o clima de intimidação em que o anterior tiver lugar, elegeu um dos seus como Papa: Clemente VII (1378-1394), um suíço de Genebra. Evidentemente que este outro papa se foi instalar em Avinhão. Durante os próximos 40 anos, envolvendo também os papas sucessores destes dois rivais, a Igreja Católica vai-se dividir em duas instituições semelhantes e paralelas: o Grande Cisma.
Como se constata na actualidade, foi o papa de Roma que acabou por prevalecer, o que nem é importante para esta história. Porém, gostaríamos de chamar a atenção, dado este precedente do Século XIV que, se daqui para amanhã e dada a volatilidade da situação financeira na União se vier a romper o eixo franco-alemão, com os primeiros do lado dos devedores e os segundos do lado dos credores e conhecida a capacidade francesa para se apropriarem da marca ©Europa, somos muito bem capazes de nos deparar subitamente com duas Uniões Europeias, ambas reclamando-se da pureza dos ideais iniciais e forçando os países-membros a fazer a sua escolha, como outrora aconteceu com os papas…25 novembro 2011
COM A CRISE, ATÉ OS MILITARES JÁ NÃO SÃO O QUE ERAM
No mesmo dia em que a informação das televisões se deliciou com a transmissão das imagens de umas cenas mais animadas diante da Assembleia da República (abaixo), fomos surpreendidos pela notícia que os militares do contingente destacado no Kosovo levaram um enxerto de porrada da população sérvia quando intervieram para pôr fim a um bloqueio rodoviário, saldando-se o episódio por doze militares portugueses a terem de receberem assistência com dois deles a permanecerem mesmo internados.
Já não sei se esta actividade de servir em forças de interposição será genuinamente do âmbito militar ou se terá sido a tradição que fixou como conveniente que os elementos destes grupos essencialmente policiais continuassem a usar camuflados. Duas coisas sei, contudo: que havia a especialidade de polícia militar nos três ramos das Forças Armadas (que eram aliás temidas pela sua brutalidade); e que se for para fazer figuras destas, tendo em conta a crise, é melhor fazer regressar o destacamento do Kosovo que sempre é mais barato, sempre se lhes há-de arranjar cá qualquer coisa com que se entreterem (conforme as imagens acima) e, caso haja barraca, sempre fica apenas entre nós...
AS PULSEIRAS «POWER BALANCE»
Uma notícia recente informa-nos que, como resultado de uma acção apresentada por um grupo de consumidores enganados, a empresa Power Balance foi condenada a ter de pagar 42 milhões de euros por publicidade enganosa. Para quem não tenha prestado atenção, as pulseiras daquela marca estiveram muito na moda (Cristiano Ronaldo usava uma) e prometiam ligar-se ao nosso campo energético (sic), criando um circuito que o optimizava, num processo que redefinia a tecnologia holística (sic)! Tanta sofisticação cobrava-se a 37 € a unidade embora quem quisesse investigar mais cientificamente os seus efeitos tropeçava rapidamente no embuste.Partidas que a imaginação me prega, lembrei-me da analogia que as supra mencionadas pulseiras poderão ter com a União Europeia e a publicidade enganosa que a ela se associou, com anos consecutivos em que nos foi impingido que os interesses nacionais dos países-membros iriam ser substituídos progressivamente pelos interesses comuns da Europa com o aprofundamento da União¹ – algo que estes acontecimentos mais recentes têm desmentido contínua e consistentemente. Como o embuste das pulseiras Power Balance, ocorre-me perguntar se não será possível processar todo um clã de europeístas por publicidade enganosa?...
24 novembro 2011
FLEETWOOD MAC

Foi ainda Norman Seeff que, para além dos Blondie e de Peter Allen, fotografou em 1978 os Fleetwood Mac. Não sei – nem me vou deitar a adivinhar – se a presença desgarrada de Stevie Nicks do lado direito da fotografia tem algum significado simbólico. Mais do que a fotografia, a oportunidade desta escolha da banda para um poste hoje tem a ver com aquilo que interpretam: Little Lies (Mentiritas), muito a propósito em dia de Greve Geral.
O ÚNICO CENSO RUSSO DA ERA IMPERIAL
A música para ir acompanhando a leitura é do compositor russo Modest Mussorgsky (1839-1881): Quadros duma Exposição (1874)
Apenas através deste artifício o Império Russo podia apresentar a imagem de um núcleo central maioritário eslavo de religião ortodoxa constituído por ⅔ da população. Com o resto da população eslava não se podia contar: havia 7,9 milhões de polacos (6,3%) de confissão católica romana concentrados num Reino da Polónia de que o Czar era o monarca e que fora criado em 1815 (ver mapa acima). Mas a história dessa Polónia dual ao longo do Século XIX era a de um sucesso económico (Varsóvia era a terceira cidade do Império depois de São Petersburgo e de Moscovo) mas de uma contínua instabilidade política onde as revoltas polacas (1830, 1863) eram seguidas por ferozes repressões russas. Um outro grupo importante na Polónia e também nas regiões ocidentais do Império era o dos judeus: havia 5,1 milhões de falantes de ídiche (4,0%), um idioma germânico que se escreve em alfabeto hebreu. A importância da comunidade era acrescida pela sua sobre-representação entre a população urbana. Por exemplo, numa cidade como Brest, hoje localizada na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia, os judeus constituíam ⅔ da população de 45.000 habitantes. Seria, a par dos polacos, finlandeses ou alemães, uma das nacionalidades mais evoluídas mas também uma das que mostraria uma maior resistência àquilo que as autoridades imperiais qualificariam como assimilação…
Contudo, havia outros grupos nacionais a Ocidente com histórias de sucesso na sua integração sem assimilação no quadro imperial: a Finlândia, que era um Grão-Ducado que gozava de uma ampla autonomia, era um desses casos (os finlandeses eram 2,5 milhões – 2,0%). E embora com muito menos autonomia, algo de semelhante acontecia na região do Báltico, onde as populações estónias (1,0 milhão), letãs (1,4 milhão) e lituanas (1,6 milhão), ou seja cerca de 3,2% da população total, eram controladas por uma elite de ascendência alemã (que constituíam 1,8 milhão em todo o Império – 1,4%), uma das mais fiéis a São Petersburgo, uma ironia dada a história futura da relação entre alemães e russos. Essas eram as fronteiras pacíficas do Império Russo. As outras eram regiões de expansão, turbulentas como as populações que nelas habitavam. Na que confinava com os Balcãs, onde as potências rivais haviam incentivado a criação da Roménia de língua latina (1878) para obstar à expansão dos russos para as regiões dos eslavos no Sul da Europa, existia, apesar disso, uma minoria (1,1 milhão – 0,9%) que falava o romeno. Outras fronteiras meridionais da Rússia eram povoadas por uma confederação de nacionalidades que o Censo classificou demasiado genericamente de Turco-Tártara, que se estendia do Mar Negro ao Pacífico, composta por 13, 4 milhões de pessoas (10,6%).
Uma apreciável parte deles eram descendentes de tribos nómadas que, sob a bandeira mongol, haviam conquistado a Rússia no Século XIII e muitos continuavam os hábitos nómadas de outrora (acima), embora houvesse outros que haviam assentado (abaixo). Porém, quase todos professavam o Islão, que era a religião de 13,9 milhões dos súbditos do czar (11,1%). A maior concentração de muçulmanos localizava-se na Ásia Central (7,7 milhões), onde a administração russa funcionava segundo um modelo colonial clássico. Os soviéticos reorganizaram depois a região nas cinco repúblicas que são as que hoje perduram: Cazaquistão, Uzbequistão, Turquemenistão, Tajiquistão e Quirguízia. Uma segunda região muçulmana, que começara a ser integrada no Império já a partir de meados do Século XVII, estendia-se desde a Península da Crimeia até ao curso inferior do Rio Volga. Ao contrário da Ásia Central, neste caso a imigração dos russos alterara o panorama demográfico, fazendo com que a população muçulmana fosse significativa mas não predominante. Exemplo: ainda hoje há quase tantos russos quanto tártaros no Tartaristão. Finalmente havia uma terceira região de predomínio muçulmano: o Cáucaso. A região é célebre pela complexidade do seu relevo que interfere na distribuição e classificação das suas etnias que desafia as descrições simplificadas que se tentem conceber...
Contornando isso, há que referir que, apesar do carácter tradicionalmente combativo dos povos do Cáucaso que muitos problemas militares causara, o Império Russo contava ali com dois aliados sólidos, tanto os georgianos (1,4 milhões – 1,1%) como os arménios (1,2 milhões – 1,0%) eram povos de confissão cristã numa região que lhes era francamente hostil: já houvera príncipes georgianos a comandar exércitos russos contra Napoleão e, quanto ao futuro, Stalin, quase todos o saberão, era georgiano. O Censo de 1897, mau grado a manipulação a que foi sujeito, foi um instrumento único na identificação das minorias relevantes dentro do Império Russo. Dá para perceber que, como regra geral, o tratamento dado por São Petersburgo a cada minoria variava em função, não apenas da cumplicidade recíproca entre minoria e poder central, mas também na razão inversa da sua sofisticação cultural: quando maior esta, também maior era a hostilidade imperial. Mas, com essa notável excepção dos polacos, cuja direcção política clandestina nunca se terá disposto a reivindicar nada menos que a independência total, há que reconhecer que em 1897 a questão das nacionalidades ainda não seria um problema sério para a subsistência do Império. A Revolução de 1905, que irá ter lugar dali por oito anos, abanando o regime, deverá ser analisada sobretudo – senão exclusivamente – pela sua componente social.23 novembro 2011
5 000 ASSINATURAS POR UM DISCO VOADOR
Há coisa de um mês perguntaram-me, via facebook, se eu estaria disponível para assinar uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) que pretendesse reduzir o limite mínimo de assinaturas das actuais 35 000 para 5 000 para que uma ILC possa avançar para a AR (Lei 17/2003, nº 1 do Artigo 6). Respondi que não e, porque mo pediram, fundamentei a resposta, conforme se pode ler na gravura acima.Nem de propósito, algumas semanas passadas, venho a descobrir que foram um pouco mais de 5 000 as assinaturas de uma petição endereçada ao site da Casa Branca que obrigaram esta última a assegurar oficialmente que não há qualquer evidência da existência de criaturas extraterrestres… Afinal esquecera-me do melhor argumento: nos tempos que correm e para certas causas, torna-se facílimo congregar 5 000 lunáticos…

22 novembro 2011
FOTOGRAFIAS HÁ MUITAS, SEUS PALERMAS!
Tendo prestado as declarações e esclarecimentos que ele entendeu, a verdade elementar é que, como costuma dizer alguém que eu conheço, Cavaco Silva acabou por se sair muito mal daquilo tudo... Tudo é o Caso BPN. A questão da compra das acções da SLN é perfeitamente inexplicável, a não ser que aceitemos que Cavaco Silva se prestou a empochar uns dinheiritos por cortesia de José Oliveira e Costa (embora agora não o possa assumir…) ou, em alternativa, que Cavaco Silva é um ingénuo que nem se lembrou de verificar o preço de referência das acções onde aplicou 250.000 € das suas poupanças¹.Só quem anda desapercebido não reparou ainda como está declarada uma guerra surda entre a presidência e o governo, representando cada um sua facção num espaço político que não estará ideologicamente muito distanciado entre as duas, mas que discordam nas opções tácticas. Essa guerra civil tem algumas manifestações evidentes. As questões a Cavaco Silva a respeito de Duarte Lima são uma delas, as críticas ostensivas ao excesso na composição das comitivas presidenciais durante as visitas ao exterior são outra. Mas poderá haver manifestações menos evidentes, como esta fotografia que apareceu subitamente.
Foi de uma oportunidade impar juntar assim Cavaco Silva, Dias Loureiro e Duarte Lima! E não deixa de ter o seu pitoresco que, na guerra civil, tenham sido sobretudo blogues cujos autores ostentam as suas simpatias socialistas ou comunistas os primeiros a pegar na fotografia como arma de arremesso política tal qual ela apareceu, despojada de legenda e/ou grandes explicações, como se os pecados dos retratados se pegassem por contágio... É uma precipitação porque, como se vê pelo caso abaixo, andará sempre por aí uma fotografia desconhecida que servirá para conspurcar qualquer alvo (aqui Guterres) que se queira abater…21 novembro 2011
SOBRE A NECESSIDADE DE GUERRAS, COELHOS E RELVAS
Por detrás do líder do partido (acima, à esquerda), Alfonso Guerra aparecia como o braço direito de Gonzalez, aquele que desempenhava o papel do homem de confiança, que controla o aparelho partidário e trata dos negócios mais delicados (sórdidos) do partido. Quando Vasco Lourinho, num momento pedagógico, procurou encontrar uma figura correspondente entre os socialistas portugueses proeminentes de então viu-se em palpos de aranha: não havia figura do PS que, junto de Soares, se encaixasse no papel de Alfonso Guerra…E assim se despediu Vasco Lourinho, desde Madrid, para a RTP...
O tempo passou, Alfonso Guerra abandonou o poder na sequência de um escândalo de corrupção e tráfico de influências protagonizado pelo seu irmão Juan (1991) e o PS português chegou ao poder (1995) liderado por alguém com a mesma relutância de Gonzalez em se imiscuir no lado negro da política: António Guterres. De imediato, o PS precisou do seu Alfonso Guerra: Jorge Coelho (acima). Vasco Lourinho já não teria tido necessidade de puxar pela imaginação... E o protagonismo de Miguel Relvas (abaixo) parece mostrar que essas necessidades têm mais a ver com o perfil do líder do que com a ideologia do partido…A GUERRA QUE NÃO TERÁ LUGAR E A PAZ QUE NÃO TEVE LUGAR
Há uma famosa peça de teatro em dois actos que se intitula A Guerra de Tróia não Terá Lugar (La guerre de Troie n'aura pas lieu, no original). O seu autor é o francês Jean Giraudoux e a peça foi estreada em 1935. A acção desenrola-se, como o título sugere, na Grécia clássica mas a analogia com o ambiente internacional à época da estreia, em que a Europa caminhava para a Segunda Guerra Mundial, é facilmente perceptível. Refira-se, para conclusão, que o título da peça acaba por se tornar enganador: é que a guerra acaba mesmo por ter lugar…Actualmente, à falta de dramaturgos, serão os caricaturistas que descrevem a opinião dos franceses sobre a Europa actual. Para o autor abaixo, a culpa terá sido do alargamento excessivo. Porém, quem conhecer com rigor esses tempos pacíficos da CEE a 6, poderá apontar a Crise de 1963, quando a França vetou a adesão do Reino Unido, ou a Crise de 1965, quando a mesma França boicotou por 6 meses as reuniões do Conselhos de Ministros para preservar o seu direito de veto. Como a peça, o cartoon também é enganador: a paz nunca teve lugar…
20 novembro 2011
PETER ALLEN
19 novembro 2011
A EUROPA DO TWITTER
Eis um mapa da Europa construído a partir da localização e da identificação automática do idioma empregue pelos milhões de utilizadores do Twitter. A cada idioma tuítico foi atribuída uma cor diferente e, apesar de algumas deficiências do detector automático (como mais abaixo veremos), o resultado confere com as expectativas do aspecto caleidoscópico de uma Europa multilingue seguindo as fronteiras nacionais. Mas realcem-se algumas conclusões adicionais:a) O enorme contraste na densidade de utilizadores entre a Europa Ocidental e a antiga Europa de Leste – incluindo no primeiro grupo a Grécia e a Turquia. b) As deficiências do detector automático que não consegue distinguir o russo do ucraniano. c) Também tem problemas em distinguir o francês do italiano. d) Mas que não se atrapalha quando a dúvida é entre o catalão e o castelhano. e) O contraste que se observa entre o Portugal litoral e o do interior.
18 novembro 2011
O SÍMBOLO QUÍMICO DA ÁGUA
Assim, além de vídeos demonstrando a manipulação – seleccionou-se apenas uma das respostas erradas de quem tinha acertado 7 das 10 perguntas – as próprias perguntas podem ser sujeitas ao mesmo escrutínio feroz das respostas, mostrando que a jornalista, e porventura o resto da redacção da Sábado, parecem ser de calibre equivalente ao dos universitários… é que a água é um composto e não um elemento químico; como tal não tem símbolo químico mas uma fórmula que associa o hidrogénio e o oxigénio (H2O).

Olha se em vez de só 10, eles na Sábado se pusessem a fazer mais perguntas. Em quantas outras se espalhariam também ao comprido?...
O BANHO DE PANCADARIA
A fotografia é de uma praia de águas agitadas, daquelas que propiciam um banho fustigado e exigente como ainda acontece nas praias algarvias quando há levante – mas em tempos anteriores a essas modernices das bandeiras coloridas para inibir… O único inconveniente que me lembro era o de, à saída, de gatas como o banhista do centro da fotografia, trazermos quase meio quilo de areia dentro dos calções… O autor da fotografia é o australiano Dean Dampney. OS BLONDIE
17 novembro 2011
A «SOLIDARIEDADE» EUROPEIA
Ainda que se referindo à crise financeira asiática de 1997, não deixa por isso de ser flagrante quanto a transcrição acima se mantém pertinentemente actual para a crise da dívida pública da zona Euro. É por causa do princípio ali exposto que, no actual quadro europeu, considero defensável a atitude do governo português de nos comportarmos assim tão bem enquanto se procura ganhar tempo.
Esse tempo que se ganha – espera-se veementemente! – servirá para que a crise transborde da periferia para o centro como parece ser cada vez mais provável, considerado o exemplo recente da Itália e os prováveis exemplos futuros da Espanha e França. Quando a crise atingir esta última, será que aí teremos direito a ver a solidariedade europeia a funcionar?¹ When countries on the periphery of the global system such as Thailand and Indonesia are overcome by crisis, we blame then for their failures and their inability to adjust to the system’s rigours. When countries at the center are similarly engulfed, we blame the system and say it’s time to fix it.





