Francisco I (1494-1547), rei de França desde 1515, podia dizer no seu leito de morte que, tirando o facto de não compreender o seu filho Henrique, fora alguém a quem a vida lhe correra particularmente bem. Pertencendo a um ramo colateral da casa real francesa, só um encadeamento especial de acontecimentos o poderia levar a herdar o trono. Sua mãe, Luísa de Sabóia, que enviuvara de seu pai, Carlos de Orleães, quando Francisco tinha apenas dois anos, consagrara o resto da sua vida estragando o filho com mimos, apostando na eventualidade de ele vir a tornar-se rei de França.

As expectativas entusiasmadas de Luísa de Sabóia sofreram novo abalo quando o rei, ainda no mesmo ano em que enviuvou, se veio ainda a casar aos 52 anos com Maria Tudor, irmã de Henrique VIII de Inglaterra. Mas Luís XII encontrava-se já muito doente e não estava destinado a durar muito mais, tendo chamado o sobrinho (e genro, pelo casamento de Francisco I com a filha Cláudia da Bretanha) para lhe anunciar a previsível sucessão. Pouco tempo depois Luís XII veio a morrer e o ambiente no castelo onde Luísa morava não era propriamente de pesar: O meu filho, o meu César, é rei!

* Pela Lei Sálica em vigor em França os direitos de sucessão não podiam ser transmitidos por via feminina.
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