05 fevereiro 2018

UM DISCURSO DE TRETAS


5 de Fevereiro de 2003. O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, comparece perante os membros do conselho de segurança da ONU defendendo uma intervenção militar no Iraque por causa das provas de que aquele país dispunha de armas de destruição maciça. Normalmente, quando se refere o episódio, esquece-se que o exercício de persuasão falhou nas suas intenções de alterar as opiniões cépticas, como eram os casos da Alemanha, da China, da França ou da Rússia. A reacção do órgão mudou de tom, mas não se modificou na substância. Mas também as potências cépticas se viram impotentes em deter as intenções dos Estados Unidos. Seguir-se-ia, dali por um mês e meio, a cimeira das Lajes. A novidade não foi estar a haver uma fractura no Conselho de Segurança, foi o traçado dela, com vários países europeus a seguirem a oposição da França e da Alemanha às intenções americanas. A grande vítima pessoal de todo o episódio veio a ser o próprio Colin Powell mais a credibilidade que granjeara na anterior Guerra do Golfo, quando o desenrolar dos acontecimentos veio a demonstrar que a esmagadora maioria do que alegara naquela ocasião - nomeadamente a existência de armas de destruição maciça - era, pura e simplesmente, mentira. Mesmo que tenha depois reconhecido o erro poucos anos depois (abaixo), a verdade é que a História não se reescreve e a credibilidade é muito mais difícil de reconquistar depois de perdida uma vez.

1 comentário:

  1. Mais do que de 'tretas',
    um discurso e decisões posteriores, miseráveis.
    Forma de compensação 'psicológica' do Imperador Bush II,
    pelo desastre Torres Gémeas. Uma jogada assassina do complexo militar-industrial.

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