22 fevereiro 2018

OS LIMIARES DO PASQUINISMO

Houvesse Observador em Fevereiro de 1986 e talvez José Manuel Fernandes se arriscasse a noticiar a vitória de Mário Soares nessas eleições presidenciais, destacando na sua primeira página - o jornal ainda não seria digital - que o presidente acabado de eleger «não tem o apoio de 49% do eleitores». Repare-se, e em comparação com essa notícia virtual, na relativa contenção como a notícia foi dada à época pelo Diário de Lisboa, um jornal comunista que se assemelhava em engajamento (embora ideologicamente simétrico) ao Observador de agora: era melhor que o seus leitores não pulassem também demasiado de contentamento; ainda lhes vinha algum arroto à boca e este saber-lhes-ia a sapo... Mas embora os comunistas já então tivessem uma prática secular de distorcer a informação, a verdade é que a chegada ao século XXI e ao jornalismo on-line (com o engajamento descarado tal qual é praticado pelo Observador) é que tem levado o pasquinismo a novos limiares da manipulação.

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