24 julho 2016

O QUE A EUROPOL ESCREVE NÃO AJUDA OS JORNALISTAS A VIVER

Eu não me sinto habilitado a validar a qualidade e o rigor da informação que a Europol produz. Mas sinto-me habilitado a constatar quanto algumas passagens dos seus relatórios não parecem ajudar a vender notícias. Eis algumas passagens que destaquei de um relatório da Europol que foi tornado público esta semana:

a) ...apesar do estado islâmico ter reivindicado os últimos ataques, nenhum dos quatro (últimos ataques) parece ter sido planeado, com apoio logístico, ou diretamente executado pelo estado islâmico.

b) ...não há nenhuma prova que sugira que o atacante de Nice se considerava membro do estado islâmico. Foi relatada a sua radicalização num muito curto espaço de tempo e o seu consumo de propaganda «jihadista» nos dias anteriores ao ataque. No caso de Würzburg, as notícias são da existência de uma bandeira feita à mão no quarto do agressor (...) (porém a sua)  filiação no grupo não é clara.

c) Isto em contraste com as reivindicações claras do estado islâmico de responsabilidade no ataque de Novembro de Paris e de Março de Bruxelas, ao estabelecer que os atacantes eram membros enviados para realizar os atentados...

E percebe-se perfeitamente porque é que o aparecimento de tal relatório passou quase perfeitamente desapercebido. Ou então deu-se relevo a outros conteúdos, menos substantivos mas mais assustadores. E percebe-se também porque cessaram subitamente as notícias a respeito das conexões islâmicas aceleradas de Mohamed Bouhlel, e o foco das novas notícias sobre o atentado de Nice regressou à tradicional troca de acusações políticas... Ao chegar-se aos acontecimentos de Munique, a própria comunicação social já se terá apercebido que as suas audiências estão um bocado fartas de tantas conexões islâmicas não concretizadas.

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