08 julho 2016

A EUROPA, O EUROPEU E A ARBITRAGEM

Vamos procurar ser objectivos: não é impossível que a selecção portuguesa vença a final do Europeu. Mas vai ser dificílimo. O que nós, adeptos, temos que nos consciencializar é que o jogo vai decorrer num campo inclinado, que o lado para onde Portugal atacar é a subir, que a inclinação se irá acentuar quanto mais tempo o resultado permanecer inconclusivo. Convém também assumir desde o princípio que o empate, que Fernando Santos nos explicou que afinal é uma vitória, nesse jogo, converter-se-á numa derrota: por causa do penalti. O penalti - abaixo exemplificado com um exemplo bem recente (França-Alemanha) e outro de há dez anos (França-Portugal) no Mundial de 2006* - é aquela jogada que permite à França marcar o seu golo mas que só foi sancionada porque decorre na grande área do adversário da França. A sensação dominante no espectador não-francês é que, se fosse na grande área contrária, nada teria acontecido. Claro que esta é uma opinião minha, não científica, sem possibilidade de contraditório, mas é produzida com a mesma segurança que a opinião do governador do Minnesota quando, a propósito da morte de mais um civil num automóvel às mãos de um polícia exaltado, se pergunta se teria acontecido a mesma coisa se os passageiros e o condutor fossem brancos?, para depois concluir assertivamente que não. Na prática, a selecção francesa irá entrar em campo no próximo Domingo com uma probabilidade 0 de cometer faltas na sua grande área. Suspeito que o nosso pessoal mais queixinhas escusará de reclamar por aquelas tradicionais penalidades que ficam por assinalar a Portugal, porque dali não se vai sacar nada. Em contraste, as probabilidades de a selecção portuguesa cometer uma falta na sua grande área serão variáveis, conforme as circunstâncias, e aproximar-se-ão tanto mais do 1 quanto mais tempo o jogo permanecer empatado. Idealmente, os jogadores só deviam ter braços para os lançamentos de linha lateral e quando dentro da sua própria grande área deviam ser mesmo desasados como os matraquilhos. Mas o ideal seria que se dispensassem os penaltis. Seria sinal que a França se superiorizara à equipa portuguesa sem precisar de recorrer a expedientes; ou então precisamente o contrário: que Portugal se superiorizara à equipa francesa de tal forma que o próprio árbitro se apercebesse que a ajudinha prometida seria supérflua. Não é preciso ficarmos com queixas deste árbitro: daqui por uns dias, suspeito que iremos ficar com razões de queixas, mais sérias, de uma outra equipa de arbitragem, chefiada (na sombra) pelo senhor Schäuble...


* Convém lembrar que na outra meia-final desse Mundial de 2006, disputado entre a Alemanha e a Itália, a Alemanha anfitriã foi também brindada com um penalti. Azar o dos alemães que não o converteram e foi a Itália a apurada para a final e que veio inclusive a sagrar-se campeã.

1 comentário:

  1. Achei que o árbitro roubou a Alemanha na cara de pau. Outra coisa deveriam proibir o árbitro de um país eliminado apitar o jogo de um país que eliminou o dito país do árbitro....

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