28 julho 2016

...O DIA SEGUINTE DA DIREITA NACIONALISTA EM PORTUGAL

Todos estavam a contar com sanções. O primeiro-ministro estava a contar com sanções. Eu estava a contar com sanções. Mas sobretudo, mais do que as expectativas, houve quem apostasse nas sanções. A começar pelos dirigentes dos dois partidos do PàF, Assunção Cristas especialmente (acima), para esta nossa história. Mas depois do desfecho inesperado em cima da hora, foi uma correria para regressar ao discurso do princípio do mês, às cartas que se haviam escrito, às intercessões que se haviam pedido. Que isto tenha sido feito por Pedro Passos Coelho e seus muchachos, percebe-se. O antigo primeiro-ministro parece ter sido atacado pelo mesmo síndrome que já afectou José Sócrates em Portugal em 2009 e que afecta hoje Mariano Rajoy em Espanha - são uma menos valia para os partidos que dirigem, constata-se que estes acabam por perder liberdade de acção política por causa do líder que mantêm, embora, simultaneamente, pareça não existirem mecanismos de emergência dentro das respectivas organizações para fazerem os líderes perceberem isso, porque os órgãos da direcção são uma mera caixa de ressonância do líder e da camarilha que o acompanha. Supostamente com o CDS isso seria diferente, Portas saiu, Cristas chegou, a herança está lá, é pesada, mas pelo menos a camarilha à volta do líder teria mudado e as expectativas de uma certa direita estão mais elevadas. Há até uma vaga de simpatia à sua volta: são pessoas como o próprio director do Correio da Manhã, o intuitivo Octávio Ribeiro, a promovê-la, à líder (...empática, criativa, trabalhadora, a quem qualquer português médio compraria um carro em segunda mão) e a propor-lhe, ao partido, o figurino a seguir (...os centristas viraram a página da governação; ...ao CDS falta apenas o golpe de asa de algum eurocepticismo para começar a trepar nas sondagens). Mas pelos vistos Assunção Cristas, quiçá por coerência, não quererá trepar nas sondagens. Nos assuntos europeus, este CDS de Cristas, como o outro de Portas, continua a comportar-se como se fosse um klein-PSD. Tanto pior para a direita nacionalista portuguesa; tanto pior para os que se estão marimbando para o caro Jean-Claude (Juncker) a quem a carta de cima é endereçada, tanto pior para a representatividade das opiniões sobre a Europa na política portuguesa. O patriotismo parece ter-se tornado um exclusivo da esquerda.

Sem comentários:

Enviar um comentário