04 julho 2016

AS RECORRENTES E (IN)OPORTUNAS ANALOGIAS COM A FRANÇA DE VICHY

Como se deduzirá pela colecção acima, eu gosto muito do tema da França de Vichy sob os anos de chumbo, o período da ocupação que vai de 1940 a 1944. As narrativas mais simplistas daquele período esquecem-se de como Vichy começou por ser um projecto político de transformação da sociedade protagonizado pela Direita conservadora aproveitando-se das circunstâncias excepcionais do armistício, após a derrota. Vichy começou por ser muito idealista. Não me parece muito forçado descobrir-lhe semelhanças com a situação portuguesa a partir de 2011, com o pedido de assistência. Quatro anos passados e após várias deserções ao longo do percurso, as concepções de Vichy haviam-se reduzido a uma subserviência incondicional aos propósitos estratégicos da Alemanha. Com declarações como aquelas que proferiu recentemente, de que com ela como governante o problema das sanções de Bruxelas não se poria, parece-me que Maria Luís Albuquerque apenas terá vindo reforçar o espectro do ferrete de colaboracionismo.
Tão mau quanto isso, Maria Luís Albuquerque fala a respeito de um cenário hipotético que não fará qualquer sentido caso se tivesse verificado um outro cenário hipotético que fora antecipado pelo seu antigo colega de governo, Carlos Moedas, logo em 2011, antes da chegada deles ao poder: Com as reformas que o PSD vai implementar, eu digo-lhe que ainda vão subir o 'rating', não sei se nos próximos 6 meses, se nos próximos 12 meses. Na verdade tiveram 51 meses para conseguir isso e no final não aconteceu nada. Se tivesse acontecido, já este problema nem sequer se punha. Entretanto Carlos Moedas foi trabalhar para o outro lado, o das sanções. No balanço da analogia com Vichy, deve ser o que mais se assemelha a um dos livros do mosaico acima, aquele da fila de baixo que tem por título: Voluntários franceses sob o uniforme alemão...

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