21 julho 2016

A RESPOSTA NÃO TEM QUE SER OBRIGATORIAMENTE MAIS EUROPA - IMAGINEM A LEI BOSMAN APLICADA A MINISTROS DAS FINANÇAS

Sir Charles Rivers Wilson (1831-1916), foi um obscuro funcionário britânico do Século XIX, notável pelo facto de se ter tornado o ministro das Finanças do Egipto em 1878. Como se depreende, a sua primeira prioridade não seriam os interesses dos egípcios, mas os dos credores do fortemente envidado Tesouro egípcio. Reconheça-se que o Egipto do Século XIX não era bem um país a sério; no balanço, reconheça-se que o Portugal do Século XXI, pela evolução dos acontecimentos, também se arrisca a não o ser num futuro próximo. Olhando para aquele passado, é impossível não descartar um futuro Portugal em que o titular da nossa pasta das Finanças venha a ser, como aconteceu com Rivers Wilson, um estrangeiro. Que viesse de um país que ofereça garantias aos credores: há por aí tanta gente preocupada com os interesses deles... Pode arrepiar alguns de nós, mas reconheça-se que um desses estrangeiros (de um país civilizado) pode ser mais eficaz que um Vítor Gaspar (bom rapaz, mas muito lerdo), e, à laia da ironia, reconheça-se que esta pode ser uma outra maneira de ver as vantagens da celebérrima Lei Bosman, se aplicadas às Finanças públicas em vez do futebol. Mas, se ironizo e não troço, é porque tenho de levar a sério aquilo que não queria levar a sério: proclamações como as feitas ainda à pouco pelo presidente Marcelo, que a resposta só pode ser mais Europa, e não menos Europa. É que, vejam, a mim não me incomoda por aí além ver um Benfica a entrar em campo sem um único jogador português, mas um alemão - por exemplo... - a mandar no lado nascente do Terreiro do Paço, encanita-me. Como as coisas andam, nem mesmo no papel que ele tanto gosta de cheerleader, aceito que qualquer presidente português se possa permitir passar cheques em branco à Europa. Já bastou o que bastou dos tempos da dupla Cavaco Silva - Passos Coelho.

2 comentários:

  1. O que eu considero inadmissível é a ausência de ponderação de outras hipóteses, de outras opiniões, de outras soluções. A expressão "there is no alternative" (TINA) não se coloca só em termos económicos e financeiros, mas também em termos desta política de integração e união europeias, que ninguém quer questionar.

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  2. O que era necessário era Portugal parar e se endividar cada vez mais. Mas este governo escolheu o caminho do aumento da dívida, ou seja, o da dependência do exterior. Há quem goste e há os que se aproveitam.

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