16 junho 2023

EM POLÍTICA (COMO EM TUDO, NA VIDA), NÃO VALE A PENA TER RAZÃO ANTES DE TEMPO

A senhora que acima vemos a discursar no parlamento britânico (está-se a 22 de Julho de 2021, em plena pandemia) chama-se Dawn Butler, é uma deputada trabalhista, e vamos vê-la no final do vídeo a ser expulsa pela presidente em exercício (Judith Cummins, outra deputada trabalhista), por se recusar a retractar da acusação que o (então) primeiro-ministro Boris Johnson (conservador) era um mentiroso que havia repetidamente mentido ao parlamento. Quase dois anos depois, a grande notícia de ontem em Inglaterra foi a publicitação do relatório de uma comissão daquele mesmo parlamento sobre a conduta do primeiro-ministro durante a pandemia, baptizado Partygate. As opiniões parecem ser muito consensuais. Por exemplo, a BBC descreve-o como devastador para o visado. O relatório concluiu que Johnson mentiu e que deliberadamente enganou a câmara dos comuns a respeito do Partygate, que enganou a própria comissão de inquérito durante as audiências e que agiu em desrespeito à comissão recorrendo a uma "campanha de abusos e intimidação". Os autores do documento esclarecem que o relatório teria resultado numa sanção de suspensão do mandato de Boris Johnson por 90 dias, caso ele não se tivesse demitido entretanto, em antecipação. Essa sanção obrigaria a que houvesse novas eleições no círculo eleitoral por onde Johnson foi eleito. Mais do que uma censura, o conteúdo do relatório é uma descompostura, um assassinato de carácter. Será que a deputada trabalhista terá agora direito a um pedido de desculpas tardio pela sua presciência?

Sem comentários:

Enviar um comentário