10 setembro 2019

QUANDO AS «RAÍZES COMUNS» NÃO SERVEM PARA NADA

Desde John Kennedy que os americanos usam a carta na manga da ancestralidade irlandesa de uma apreciável proporção da sua população branca para, por ocasião das viagens dos seus presidentes à Europa, transmitirem uma imagem de partilha de raízes comuns e de simpatia que é nomeada e naturalmente ainda mais usada por ocasião das visitas à Irlanda. Quando, como aconteceu no mandato anterior de Barack Obama, a coisa não funciona com o presidente, avança o vice-presidente, como se pode constatar na notícia acima, de há três anos, da (dita) peregrinação de Joe Biden(s?) ao condado de Mayo para visitar a família. Por muito ingénua (de repetida) que a história seja, há sempre quem apareça, como noticiava o Irish Times em Junho de 2016, exibindo uma fotografia de irlandeses aguardando a chegada do primo. Haverá sempre quem apareça? Com Trump e as suas raízes alemãs, voltaram a evidenciar-se, numa operação parecida com a de Biden, as origens irlandesas de Mike Pence, o seu vice-presidente. Só que a visita deste último, que teve lugar em princípios deste mês, não correu nada bem. Em primeiro e principal lugar, porque o recado que Pence trazia de Trump, um endosso veemente ao Brexit e a Boris Johnson foi muito mal acolhido em Dublin. O Irish Times, que aqui acima embarca no romantismo da visita à família por Biden, diz agora de Mike Pence que se portou diplomaticamente tão mal que até parece que «ele cagou (sic) na carpete do hall das visitas». Em segundo lugar porque, ao alojar-se num hotel que o patrão (Trump) tem na Irlanda, teve que responder pelo racional de ali se ter alojado, apesar do hotel se situar a 290 km da capital(!), local onde iriam decorrer naturalmente os seus encontros. Em terceiro lugar, por fim, e o pretexto mais directo para este poste, porque as multidões previstas para o acolher primaram pela ausência, como se constata pelas imagens abaixo, de gradeamentos postados nos passeios e com os fotógrafos na expectativa... diante de uma paisagem deserta. Obviamente que ninguém dá grande cobertura noticiosa àquilo que não aconteceu mas, ao contrário do que acontecera com Joe Biden, a Irlanda profunda ter-se-á (reciprocamente...) cagado para Mike Pence.
Para os mais curiosos esclareça-se que estas eram as imediações de um restaurante de um parente longínquo de Mike Pence, situado num vilarejo obscuro da Irlanda. As imagens foram colhidas algum momentos antes da chegada do vice-presidente para ali jantar. Como comentava no seu tweet um repórter enviado para cobrir o (não) acontecimento: felizmente a gardai (polícia irlandesa) parece estar a conseguir lidar com as multidões.

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