01 junho 2016

A «OBSERVAÇÃO» DA PREOCUPAÇÃO COM A EVOLUÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA PORTUGUESA

Pela leitura da notícia de hoje do Observador (cabeçalho imediatamente acima), conjugada com a que fora publicada há quase precisamente um mês (cabeçalho precedente) e os anteriores, percebe-se que naquele jornal se vai acompanhar metódica e mensalmente a evolução da dívida pública portuguesa. Ainda bem, é um serviço público que prestam à sociedade. Dá para ver que só há cabeçalho quando a dívida sobe. Os títulos não foram concebidos para ser apresentados assim, mas da leitura encadeada vê-se nitidamente que em Maio a dívida sobe mas para um valor inferior ao que já atingira em Março. Terá sido por isso que em Abril não houve cabeçalho nem notícia no Observador: porque o valor da dívida pública tinha descido... Desconfio que no Observador ninguém acredita que os seus leitores típicos possam ser atraídos por notícias de descidas da dívida pública quando é a geringonça a ocupar o poder. Olha o patriotismo! Mas foi pena ter descoberto como foi apenas agora que o jornal adoptou esta sistematização do acompanhamento da evolução da nossa dívida pública. Os resultados de uma pesquisa (também metódica) que realizei aos cabeçalhos de notícias do Observador que fizessem alusão à dívida pública até aos últimos dezoito meses anteriores, teve o resultado inconsistente que se pode apreciar no quadro mais abaixo. Nem no mês de Fevereiro de 2015, que hoje foi elegido como o referencial do topo do crescimento da dívida pública, houve cabeçalho equivalente, alertando para a degenerescência da situação. Talvez por o governo da altura ser diferente, era do que viria a ser o PàF. E, num periódico onde tenho lido tantas e tão justificadas preocupações com a fidedignidade das previsões económicas, nem um reparo destacado encontrei em todos esses meses à discrepância de 6,0% do PIB entre as previsões orçamentais de 2015 de Maria Luís Albuquerque para o valor que a dívida pública iria atingir no final do ano (123,7%) e o valor que veio a ser efectivamente alcançado (ligeiramente inferior a 130%). Só encontrei aquela passagem anódina referindo quanto a situação estava acima das previsões para 2015 no penúltimo cabeçalho do quadro abaixo (e foi a UTAO a dizê-lo...). Ora, para quem parece estar a optar pela quantificação dos valores (em vez de os indexar ao PIB como fizera até agora), vale a pena esclarecer que se tratou ali de um erro de previsão de 11 mil milhões de euros. Vamos lá a ver se Centeno consegue errar por tanto... Mas, entretanto, deduz-se pela omissão, apesar de tudo e segundo esta apurada análise financeira e macroeconómica de que o Observador dá provas, de que, com Maria Luís Albuquerque, correu tudo bem. Agora é que isto já está a correr mal...

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