Tenho uma grande simpatia pela análise de sondagens e sobretudo pela atitude prudente e sóbria de Pedro Magalhães. Ele não tem culpa que a minha observação experimental tenha feito com que eu viesse a considerar cada vez mais a ciência das sondagens como uma actividade fantasiosa e há sempre que recordar como errar é humano e que o erro só acontece aos que intervêm. Mas escudar-se na análise pós eleitoral no seu blogue por detrás de uma referência seminal (...de Reiff e Schmitt) para coleccionar uma fiada de seis CHECKs, parece-me despropositadamente autocongratulatório, para mais quando se escrutinam os números apresentados pelo mesmo Pedro Magalhães como previsão antes das eleições. Não sei se terá havido, e havendo, qual foi o contributo seminal de Reiff e Schmitt (pessoas que, mesmo na nossa ignorância, adivinhamos prestigiadas no ramo). Lembremos apenas os tais números e comparemo-los com as votações:
PS: 34,5% - 36,9% (FALHOU: 31,5%)
PSD/CDS: 28,8% - 31,1% (FALHOU: 27,7%)
CDU: 10,5% - 12,1% (FALHOU: 12,7%)
BE: 4.9% - 6.1% (FALHOU: 4,6%)
MPT: 2,9% - 4,1% (FALHOU: 7,1%)
LIVRE: 1% - 1,9% (FALHOU: 2,2%)
OBN: 13,1% - 14,9% (ACERTOU: 14,2%)
Ou seja, em sete previsões, houve seis que falharam porque os resultados se situaram fora dos intervalos antecipados e a natureza compósita (todos os restantes partidos, votos em branco e nulos) daquela em que se acertou desqualifica o mérito de se ter acertado. Pode não ser uma referência seminal mas, como constatação real e perante o encadeamento desta fiada de FAILs arrisco insistir que se esteve diante de um fiasco, mesmo sem saber a opinião seminal de Reiff e Schmitt. A sério, ele há momentos em que só a contrição poderia dignificar quem errou. Este parece-me ser um deles. O seminalismo e o inglês técnico do comentário posterior só adicionaram um retoque de ridículo à situação.