01 maio 2014

A CONFRARIA GOVERNAMENTAL DOS BONS GARFOS

Em tomando-lhe o gosto, parece que o exercício de retocar de forma mais equilibrada páginas de jornal se apresenta como um exercício infindável. Depois do Diário Económico de ontem, peguemos no Jornal de Negócios de anteontem e numa notícia (abaixo a original) a respeito dos membros de um grupo de trabalho encarregado de estudar e propor medidas conducentes à divulgação da gastronomia portuguesa através das actividades oficiais do Estado e demais pessoas colectivas públicas. O grupo de trabalho tem um coordenador José Bento dos Santos e mais dez membros mas o destaque do título vai para para dois dos últimos, Alberto da Ponte e António Lobo Xavier, e o destaque imagético vai inteirinho para o segundo deles, que ocupa de uma forma monopolista a ilustração da notícia. Associada a uma referência à sua pertença à comissão para a reforma do IRC não é dificil ver no destaque dado a Lobo Xavier uma sugestão de que ele seja um papa-comissões, assim como outrora houve um papa-concursos que conseguia aparecer em todos os concursos promovidos pela RTP. Agora aprecie-se acima como sairia a notícia devidamente retocada se em vez de um só, a notícia fosse ilustrada com uma troika de membros colunáveis (os dois supramencionados em título e ainda Francisco Seixas da Costa, o nosso ex-embaixador em Paris) cuja qualificação gastronómica suspeito que incidirá mais do lado da procura do que do da oferta. Aprecie-se como o efeito combinado das mudanças muda o aspecto da página.

4 comentários:

  1. ... e suspeita muito bem! Estou do lado da procura, dando ainda uma "mãozinha" na oferta. Cordialmente. Francisco Seixas da Costa.

    ps - o itálico no "nosso" traz alguma água no bico? Sentiu-se mal representado? Havia um livro de reclamações...

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  2. Mesmo sendo o autor de um blogue finaço, pretendo-me da fineza de reconhecer aquilo para o qual não tenho finura. Como avaliar os desempenhos dos embaixadores portugueses nas suas respectivas colocações. O emprego do possessivo em itálico é uma daquelas pequenas histórias que se transformou numa “private joke”, que lha posso contar para que ajuíze quanta água poderá levar no bico. Tudo começou por um leitor que, já há alguns anos, me deixou um comentário apreciador a qualquer coisa que eu escrevera a que acrescentou referências muito elogiosas a um outro blogue cuja autoria atribuía “ao nosso embaixador em Paris”. Podia tê-lo feito a Francisco Seixas da Costa, mas não, foi “ao embaixador em Paris” e ainda para mais não era um embaixador em Paris qualquer, era “o nosso”. Ora eu conhecia estes pronomes possessivos quando aplicados às patentes militares (o meu capitão, o nosso general), outras vezes empregue de forma abusiva (o “nosso” Benfica…) mas aplicados a titulares de cargos diplomáticos e no contexto da identificação do autor de um blogue confesso-lhe que soavam deliciosamente. Tornei-me um leitor regular do seu blogue mas, por razões que, como vê, não têm nada a ver consigo directamente, raramente me consigo abstrair do “gravitas” dele ser redigido pelo “nosso (agora ex-)embaixador em Paris”. E confesso: escapam-se-me os dedos nestes momentos mais finaços…

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  3. Caro A. Teixeira. Vejo que o humor ainda perdura na blogosfera saudável de que faz parte. E a que eu tento manter-me ligado. O "finaço" saiu-me, como réplica ligeira ao qualificativo catita que utilizou para designar o grupo que integro (grande parte do qual não conheço ainda...). Quanto ao "nosso", está em boa companhia: Graham Green falava de "O nosso agente em Havana"...

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  4. Agradeço-lhe os elogios e não posso deixar de terminar esta troca de comentários com os meus votos - estes sim, com água no bico (que não na boca) - de uma participação "proveitosa" no grupo de trabalho (que não confraria).

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