31 julho 2012

A HISTÓRIA DO PENTATLO MODERNO E DE UNS HERÓIS OLÍMPICOS DA MODALIDADE

  De entre todas as modalidades olímpicas, o pentatlo moderno é a única propositadamente criada para se disputar nuns Jogos Olímpicos. A sua admissão, que teve lugar nos jogos olímpicos de Estocolmo de 1912, há precisamente cem anos atrás, foi patrocinada poraquele que é considerado o fundador do olimpismo moderno, o próprio barão Pierre de Coubertin. E desmentindo em parte o perfil pacífico como ele costuma ser descrito, esta modalidade está evidentemente associada às artes militares pelas cinco disciplinas que envolve: o tiro, a esgrima, a equitação, a natação e corrida. Em conjunto, constituiriam a demonstração ideal do apuro físico de um jovem oficial subalterno. Aliás, durante as suas primeiras décadas, eles constituíram a esmagadora maioria dos atletas da modalidade. O norte-americano George Patton, futuro comandante de exército na Segunda Guerra Mundial, foi um deles em Estocolmo em 1912. Outro foi o britânico Brian Horrocks, comandante de um corpo de exército durante o mesmo conflito, doze anos depois em Paris 1924.
 Porém, apesar de a vermos como o fio condutor da intriga dum livro de BD de Ric Hochet como Os 5 Fantasmas (1970), a modalidade nunca gozou de grande popularidade. Os pentatletas têm que cumprir um percurso de obstáculos montando um cavalo sorteado, disputar uma competição de esgrima em que todos se enfrentam entre si, disputar uma prova de tiro, nadar e correr uma distância contra o cronómetro. Mas, como acontece nas provas combinadas, para cada evento, existe um outro nas modalidades de origem que é disputado por especialistas, com melhores resultados e um interesse superior. Essa falta de popularidade – menos assistências equivalem a menos interesse comercial – tem feito com que o comité olímpico internacional tenha sofrido ultimamente uma pressão fortíssima para que a modalidade venha a ser retirada do programa dos jogos. Mas o património histórico acumulado das competições olímpicas já disputadas contém histórias de uma riqueza humana que valerá a pena preservar, como a da equipa tunisina em Roma em 1960.
Quando da realização dos jogos olímpicos de Roma em 1960, a Tunísia era uma jovem nação que acabara de alcançar a independência (1956). Como representante de um continente africano ainda com poucos países independentes, o comité olímpico tunisino foi convidado a seleccionar uma equipa de pentatlo moderno, honra a que não se quis furtar, nomeando os jovens pentatletas Laktar Bouzhid, Habib ibn Azzabi e Ahmed Ennachi. A sua estreia na prova de equitação não terá sido auspiciosa: todos os três caíram dos seus cavalos e foram desqualificados com zero pontos. Quando da prova de esgrima – desporto que só um deles já praticara – correu a história que o especialista da equipa fora interceptado de máscara de esgrima posta quando se preparava para disputar o combate por um dos colegas... Por essa altura, já a equipa tunisina concentrara as atenções gerais… Quando a prova de tiro de um deles foi interrompida por receio dos jurados de serem alvejados ou quando um outro esteve em vias de se afogar na prova de natação já se tratava apenas da confirmação de uma reputação…     
Não surpreenderá saber que, no cômputo global e entre 58 concorrentes, Bouzhid, Azzabi e Ennachi vieram a terminar a prova nos 56º, 57º e 58º lugares

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