As notícias informaram-nos primeiro da contestação nas ruas na Tunísia. Agora, após o derrube daquele regime, e tentando aproveitar a dinâmica da contestação tunisina, os protestos propagaram-se ao Egipto e já atingiram o Iémen. As situações em cada país podem divergir pontualmente, mas explicaram-nos que todos esses países são ditaduras pessoais que se arrast(ar)am por decénios (23 anos na Tunísia, 29 no Egipto e 32 no Iémen) .
O que ninguém parece conseguir explicar é a lógica da propagação das contestações que as faz saltitar, eclodindo nuns países árabes, evitando outros. No mapa acima, veja-se como a dinâmica de contestação se propaga da Tunísia para o Egipto não se dando notícias de qualquer contaminação da Líbia, curiosamente um país onde o regime pessoal de Muammar Gaddafi supera em antiguidade qualquer das outras ditaduras árabes: 41 anos!
Tecnicamente, pode equacionar-se a hipótese dos líbios viverem tão contentes sob a sua direcção desde há quatro décadas, que não sintam necessidade de o derrubar do poder. Pessoalmente, prefiro a hipótese que, se as ditaduras permanecerem sólidas, reprimem quem protesta e bloqueiam as notícias para o exterior e não há margem de manobra para brincadeiras de rua como a da fotografia acima – note-se como o cartaz está redigido em inglês…
Estas histórias das revoluções coloridas ou floridas podem conduzir a que se escrevam análises disparatadamente apaixonadas com enredos com finais felizes, daqueles que todos nós gostamos nos filmes, mas as realidades sóbrias da geopolítica mostram que às vezes, nos países ao lado desses, os que não entram no enredo, a cor dominante continua a ser o cinzento chumbo da opressão...
Estas histórias das revoluções coloridas ou floridas podem conduzir a que se escrevam análises disparatadamente apaixonadas com enredos com finais felizes, daqueles que todos nós gostamos nos filmes, mas as realidades sóbrias da geopolítica mostram que às vezes, nos países ao lado desses, os que não entram no enredo, a cor dominante continua a ser o cinzento chumbo da opressão...
E a seguir é na Madeira!
ResponderEliminarÉ João! Depois da Revolução de Jasmim há-de ser a Revolução da Estrelicia!
ResponderEliminarSe calhar tambem há revoltas na Líbia. Não há é televisões, jornais, internet, etc. que as documentem.
ResponderEliminarÉ esse o ponto, Artur.
ResponderEliminarSem "televisões, jornais, internet, etc." não há ameaças ao poder do Gadafi e não há "revoltas na Líbia".
Ao contrário dos "pronunciamentos militares" clássicos que dispunham de força intrínseca para derrubarem o governo e só depois é que precisavam da comunicação social para anunciar o que haviam feito, estas revoluções "coloridas e floridas" precisam da comunicação social para existirem.
Esta distinção tem importância na nossa História recente porque os comunistas sempre a tentam reescrever como se o 25 de Abril de 1974 tivesse sido uma “revolta popular” quando se tratou de facto de um pronunciamento militar. Marcelo Caetano não se rendeu porque havia uns "maduros" pendurados no alto das árvores do Largo do Carmo…
É de perguntar como funciona a Al-Jazeera na Líbia...
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