10 novembro 2018

TRUMP REGRESSA À EUROPA E MACRON TENTA GANHAR QUALQUER COISA COM ISSO

Como se pode comprovar pelas declarações mais acima de Emmanuel Macron, proferidas com toda a publicidade possível já há dois meses e meio, aquilo que no Eliseu se pensa sobre a segurança e defesa europeias dificilmente poderia ter surpreendido o departamento de Estado norte-americano, quando esta semana apareceu reforçado numa entrevista concedida pelo presidente francês a uma rádio. Mas, aquilo que no departamento de Estado (e nas outras instituições do aparelho de Estado dos Estados Unidos) se possa e deva saber, parece ter deixado de importar depois da chegada de Donald Trump à Casa Branca. Para ultrapassar a ignorância do titular, entre o circulo que rodeia o presidente instalaram-se procedimentos para tentar lidar com esse handicap. Os parceiros dos Estados Unidos, depois da surpresa inicial, também se adaptaram à nova situação: tornou-se conhecidíssimo o episódio em que Jean-Claude Juncker foi para uma negociação comercial acompanhado de quadros explicativos adaptados à compreensão de uma criança do ciclo primário. Mas é precisamente porque já todos se terão adaptado a Trump, que se torna difícil de decidir o que estará por detrás deste último episódio que o irritou a ponto de criticar o anfitrião antes de uma visita oficial (notícia acima). Terá sido uma gaffe diplomática de Macron? Terá sido uma ponta que foi deixada deliberadamente solta pela diplomacia francesa para que Trump, previsivelmente, investisse? A verdade é que o enfâse que eu tenho ouvido aos enviados especiais a Paris, na distinção entre o acolhimento dado por Macron a Theresa May e aquele que vai ser propiciado a Donald Trump, estão muito para além das capacidades do enviado especial típico e indiciam-me que alguém os está a municiar sobre o recado que se quer transmitir aos espectadores. A verdade é que, como Emmanuel Macron já terá descoberto, Donald Trump poderá ter todos aqueles defeitos, mas tem-se revelado dificilmente manipulável - os quadros infantis de Juncker não o impressionaram. E sendo assim, se não conseguir mais nada, talvez o que reste a Macron seja capitalizar simpatias à custa das antipatias que Trump adquiriu por esse Mundo fora...

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