31 maio 2017

AS CAIXAS DE RESSONÂNCIA CÁ DA PARÓQUIA

O Wall Street Journal, que hoje tanto elogia Portugal por ter «emergido como uma estrela do mercado das obrigações» (acima), é aquela mesma publicação que há sete meses o havia considerado «propenso a uma nova crise da sua dívida pública» (mais acima), e em que um dos seus editores escrevia, ainda há dois meses e meio, que o país se prefigurava como um «problema potencial na crise da dívida da eurozona». O Wall Street Journal é, manifestamente, um jornal plural, onde os seus colaboradores - Patrícia Knowsmann, Jeannette Newmann, William Watts - não têm receio nem complexos de se contradizerem. Exemplo diferente é o da imprensa doméstica que, apesar de leitora atenta do que se vai publicando naquele jornal, parece só se decidir a fazer eco daquilo que por lá aparece publicado quando se enquadre com o seu discurso político. A notícia favorável de hoje, por exemplo, têmo-la que a ler publicada no Jornal Económico, enquanto as desfavoráveis, a de há sete meses foi objecto de publicação no Expresso e a de há dois meses e meio, no Observador. Este último jornal não está interessado em dar relevo a notícias como a de hoje... Mas o mais triste de tudo nem sequer são estes indícios de tentativa de manipulação da opinião pública, é o método, é a atitude paroquial de invocar o que se escreve no Wall Street Journal como argumento em proveito da própria causa, quando as boas opiniões domésticas costumam estar muito mais bem fundamentadas do que as dos correspondentes estrangeiros.

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