05 janeiro 2017

ACHILLE TALON AINDA NÃO DISSE TUDO - OS CRAQUES DA CRÓNICA (2)

As indignações pela dispensa dos dois cronistas de cada uma das facções prosseguem, acompanhando e até mesmo abafando outras, quiçá mais graves, que se manifestam simultaneamente a propósito de arbitragens que se mostraram lesivas do Futebol Clube do Porto e do Sporting para a Taça CTT. Superiorizando-se a essas outras indignações na sofisticação, parte-se agora para uma argumentação (de qualquer dos lados, que o ecumenismo dos cronistas despedidos é coisa de que não se fala...) baseada na contagem das partilhas dos textos publicados por cada um dos dispensados. No clamor contra a injustiça, a qualidade do que se escreve pode passar a ser mensurável na quantidade das reacções, sobretudo as que se detectam. É um critério objectivo, mas, por ele, será razão para rededicar, só para exemplo, um novo olhar à literatura de José Rodrigues dos Santos. Afinal, alguém lhe compra todos aqueles livros, não?
O episódio tem-me sido extremamente instrutivo. Do lado esquerdo, por corroborar a postura de facção de uma página do facebook que se intitula Os Truques da imprensa portuguesa, cuja pretensão foi, inicialmente, a de se fingir imparcial (saindo até em defesa de Passos Coelho!). Agora, de todos os cronistas dispensados, para eles há o caso de José Vítor Malheiros... e há os outros cronistas dispensados. Do lado direito, a lista e o trabalho elaborado por Alexandre Mota são preciosos pelo que revelam sobre os critérios do público. Parece-me evidente que é mais importante «o quem é quem» do que o «quem é que escreve o quê». Quem conhece António Barreto... e quem ouviu falar de Rosália Amorim. Há também quem apareça no topo da classificação que eu sei que nem sequer é o autor dos textos que aparecem publicados em seu nome... Em contrapartida, o esforçado Ferreira Fernandes (com 38 crónicas) só aparece a meio da tabela. E Viriato Soromenho Marques vem ainda mais abaixo na tabela... Ceterum censeo, eu não creio que haja assim tanta gente que, à noite, conte carneiros para adormecer...

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