16 abril 2013

MA BARKER


Os feitos de Ma Barker tornaram-se um hit do som disco em 1977 pela voz (mas sobretudo pelos sintetizadores…) dos Bonei M. A reputação de Ma Barker (que na canção é estultamente simplificada para Ma Baker porque soava melhor) é a de uma velhota autoritária e impiedosa. Eu bem sei que o ditado popular estabelece que quem vê caras não vê corações, mas torna-se bizarro compatibilizar a reputação com as fotografias que dela existem, como a abaixo, pela indumentária tirada algures durante a década de 1920, onde se vê um casal cinquentão endomingado. O pormenor da fotografia ser do casal desmente uma das lendas de Ma Barker: a de que ela fora abandonada pelo marido depois do nascimento do último filho (teve cinco), assegurando desde aí a chefia da família e por isso explicando o ascendente que exercia sobre o gang dos irmãos Barker.
Quando foi morta durante o cerco e assalto que o FBI montou a casa onde morava em 1935, Ma Barker era uma matrona obesa com uns respeitáveis 62 anos de idade. Pode ser tentador imaginá-la de caçadeira na mão a ripostar aos atacantes mas, considerada a fragilidade das paredes de madeira da habitação onde residia, parece mais plausível aceitar a hipótese dela se ter tornado uma vítima do fogo trocado entre os filhos sitiados e a polícia assaltante. Depois, foi a conveniência das relações públicas do FBI que fez o resto, transformando o cadáver de uma vítima colateral numa vilã com um perfil e comportamento que são, de resto, desmentidos pelos que a conheceram. Imagem que vingou porque em 1935 ainda se estava numa época onde se aceitava tudo o que as autoridades diziam: oitenta anos depois, por causa dos abusos, duvida-se de tudo o que elas digam

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