13 fevereiro 2013

UM PORTUGAL QUE VIROU À ESQUERDA MAS QUE SE CONTINUOU A IMAGINAR PLURICONTINENTAL

Se a famosa intenção de que Angola fosse nossa é hoje identificável com o regime deposto a 25 de Abril de 1974, a verdade é que a mentalidade popular portuguesa, mesmo a da fracção do povo que se consciencializou mais depressa imediatamente depois daquela data, permaneceu amarrada a uma visão pluricontinental do que seria o espaço nacional em termos da recém descoberta intervenção política.
Assim, nesta fotografia feita em Fevereiro de 1975 na redacção do jornal República, o camarada lá do fundo, que dá mostras daquela predilecção de enfeitar as paredes junto ao seu local de trabalho com cartazes de organizações das suas simpatias, mostra-se tão adepto do progressismo doméstico do MDP/CDE quanto do nacionalismo progressista da FRELIMO moçambicana.
E mesmo um ano mais tarde, ainda se podia encontrar o mural acima no Cacém, vitoriando um MPLA que assumia então os seus primeiros passos como vanguarda dirigente da revolução angolana, a que não queria saber dos ex-colonialistas para nada, enquanto na esquerda portuguesa se continuava romanticamente a ignorar qual o verdadeiro significado da expressão autodeterminação dos povos

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