26 fevereiro 2013

O VALOR RELATIVO DO OURO E DA PRATA

Poder-se-ia construir uma razoável biblioteca com os volumes dedicados à evolução no curso da História dos valores relativos atribuídos aos dois principais metais preciosos: ouro e prata. Durante milénios, amoedados, eles foram as referências da circulação monetária de consecutivas civilizações. E o valor relativo que lhes era atribuído através  das moedas uma forma de medir a prosperidade e estabilidade das respectivas economias. Com os romanos, amigos de legislações e de contas redondas, o rácio rondou durante séculos os 12:1 – o ouro valia uma dúzia de vezes mais do que a prata. Atingindo-se a Idade Moderna com a inundação da prata andina no Século XVI e XVII, o rácio na Europa nos séculos seguintes passou a situar-se nos 15,5:1.
Uma proporção da mesma ordem de grandeza (15:1) constava de legislação promulgada em 1792 no Estados Unidos. Os gráficos que aparecem disponíveis na internet com a evolução histórica do rácio (e que, sendo normalmente de origem norte-americana, mostram apenas a sua evolução depois do aparecimento desse país…) evidenciam que o fim dessa estabilidade apenas teve lugar a partir de finais do Século XIX, com o fim de um sistema monetário baseado nos dois metais que foi conhecido pelo bimetalismo, quando da adopção generalizada das notas de banco em substituição do metal precioso amoedado (abaixo uma nota portuguesa de mil reis – prata! – de 1891).
Os metais preciosos passaram a estar armazenados e o rácio entre ouro e prata passou a registar um comportamento mais volúvel, desde máximos próximos de 100:1, quando da Segunda Guerra Mundial, até mínimos que se situaram abaixo de 20:1, atingidos em várias outras ocasiões. Refira-se, que se se levasse em conta a abundância relativa dos dois metais na natureza (cerca de 19:1), ela apontaria para cotações próximas destes mínimos, mas o valor médio ao longo do século XX é muito superior: 47:1. Os mercados são... os mercados. E sobre a contribuição racional e emocional para a fixação destes valores, reflicta-se a despropósito, sobre um outro rácio, esse de 4:1, afixado na porta de um banheiro de lanchonete no Brasil…

1 comentário:

  1. Pode parecer,também a despropósito, mas que merece uma valente gargalhada lá isso merece.

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