27 dezembro 2012

CAFÉ, BOSS?

Subindo o Mississípi é um álbum das aventuras de Lucky Luke da autoria da dupla Morris (desenho) e Goscinny (argumento). A história é sobre uma corrida entre dois daqueles barcos a vapor fluviais típicos mas o que ainda hoje mais me diverte nela é a sua galeria de personagens secundárias.
Há uma dupla que vale a pena destacar: trata-se de Ned, que é apresentado na própria história como o melhor e o mais mentiroso de todos os pilotos do Mississípi e Sam, o seu servidor de café, apresentado por Ned como o melhor da sua categoria do Mississípi e do Missúri, os dois juntos!
A dupla não tem um papel decisivo na acção, mas a personalidade de Ned, nomeadamente as histórias que ele vai contando a Lucky Luke, o papel deferente mas lúcido de Sam, fazem lembrar outras duplas literárias também desiguais de que o caso mais notável será Don Quixote e Sancho Pança.
Neste caso, de uma psicologia necessariamente mais simples do que a da famosa parelha de Cervantes, Sam notabiliza-se por estar sempre a oferecer café a Ned depois deste contar mais uma das suas histórias mirabolantes. Para o fim da aventura, a oferta do café – Café, Boss? – já se tornou um código de patranha.
Já houve mais do que uma ocasião em que numa situação em que alguém se alargava em considerações excessivas sobre determinado assunto me senti tentado a oferecer-lhe um cafezinho, ainda mais quando eu sabia haver na assistência quem percebesse qual era o simbolismo da oferta
Descobri neste mundo dos blogues e de grandes egos vários casos merecedores da cortesia, mas não tenho a certeza se todos os virtuais destinatários seriam tão inofensivos quanto o velho Ned, que não passava de um piloto do Mississípi que contava aquelas histórias para se fazer interessante...

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