23 junho 2011

O SILÊNCIO DOS INOCENTES

As fotografias do holocausto não servem para informar, servem somente para ilustrar. Não é possível transpor para uma ou um conjunto de imagens o que se terá passado que culminou com a eliminação daqueles milhões. Uma fotografia do holocausto destina-se mais a contribuir para nos esclarecer o como do que a explicar-nos o que aconteceu.
O que é mais perturbador em algumas fotografias dos acontecimentos é aquele carácter ordeiro, organizado mesmo, como tudo parece ter-se passado. As vítimas eram primeiro arrebanhadas e depois devidamente expedidas até aos locais de extermínio onde, mesmo diante do seu destino, continuavam a mostrar a mesma docilidade que as levara até ali.
Esta fotografia acima, que foi tirada em Outubro de 1942, com as judias nuas do gueto de Mizocz (algumas delas estão acompanhadas pelos filhos) aguardando pela sua execução são uma evocação quase perfeita do silêncio assustado dos borregos destinados ao matadouro que se tornara o pesadelo de Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes

2 comentários:

  1. Os oprimidos são hoje os opressores...

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  2. Comparando as fotografias acima com aquilo que se vai sabendo dos territórios palestinianos ocupados tenho uma certa dificuldade em identificar um equivalente cisjordano de Auschwitz(...), mas, esquecendo a proporcionalidade, não deixa de ter razão que os oprimidos de ontem são os opressores de hoje.

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