13 janeiro 2021

SE OS AMERICANOS FAZEM MESMO QUESTÃO, NÓS ASSINAMOS...

13 de Janeiro de 1946. É a data da assinatura do primeiro de uma série de acordos firmados entre os nacionalistas do Kuomintang e os comunistas chineses. Tratava-se de uma trégua, negociada entre um antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do governo nacionalista, Zhang Qun, o indispensável e incontornável Zhou Enlai pelos comunistas, e a mediação do enviado especial do presidente americano (Truman), nada mais, nada menos que o general George Marshall. No caso, a trégua permitiria que as unidades nacionalistas pudessem movimentar-se na Manchúria (onde os comunistas operavam por detrás da protecção concedida pelas tropas de ocupação soviética). Adicionalmente, as duas partes chinesas manifestavam a intenção de reduzir os seus efectivos militares até, respectivamente, 700.000 (nacionalistas) e 140.000 (comunistas) num prazo vindouro de 18 meses. Era tudo uma encenação, tão forjada e hipócrita quanto os sorrisos e o brinde que acima vemos a ser trocados entre Chiang e Mao. A insistência da América é que obrigava à farsa. Os norte-americanos não tinham - e será que já têm?... - a consciência de quais eram os limites da sua capacidade de influência, nomeadamente junto de Chiang e dos nacionalistas do Kuomintang. George Marshall chegara em Dezembro de 1945, para substituir um embaixador americano - Patrick J. Hurley - que se revelara um fiasco. Era intenção dos Estados Unidos apostar na subsistência do regime face à ameaça comunista, apoiada pela União Soviética de Estaline. O problema é que os nacionalistas queriam o apoio material dos americanos mas dispensavam o resto, a começar pelas lições de George Marshall. Que também não escondia o desprezo pelos interlocutores e pela corrupção e falta de crédito e de escrúpulos do regime nacionalista. Na América havia quem percebesse a impossibilidade da missão de Marshall, como o autor do cartoon abaixo, publicado no New York Times, onde um Marshall contempla os cacos da «nossa política para a China» ao lado de uma latas de cola. Mas isso era num jornal de Nova Iorque. Na administração de Washington ainda se irá perder três anos e 2.200.000.000 dólares para descobrir o mesmo...

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