09 julho 2020

O ULTIMATO NA CONFERÊNCIA DE SPA - NOS TEMPOS EM QUE ERA A ALEMANHA QUE TINHA QUE «COMER E CALAR»

Spa, 9 de Julho de 1920. Desde dia 5 que está a decorrer naquela cidade termal belga - escolhida, não por acaso, porque ali se instalara o quartel-general do kaiser Guilherme II durante a Grande Guerra... - uma Conferência juntando vencedores e vencidos para uma reavaliação do cumprimento do Tratado de Versalhes, assinado um ano antes. Um dos aspectos a que os vencedores haviam dedicado uma particular atenção fora ao ritmo como a Alemanha estava a proceder ao seu desarmamento, um tópico a que o governo alemão se andara a esquivar continuamente, fruto de pressões várias, internas, para que o seu exército não fosse reduzido aos 100.000 efectivos acordados originalmente no tratado. No dia anterior, os Aliados haviam apresentado, na pessoa do primeiro-ministro britânico David Lloyd George, um ultimato de 24 horas para que a Alemanha se prestasse a assumir um calendário para o seu desarmamento: reduzir as suas forças militares até aos 150.000 até final de Outubro de 1920, para atingir o patamar de 100.000 até 1 de Janeiro de 1921. O ultimato expirava ao meio-dia deste dia 9 de Julho de 1920. A sanção era a invasão e ocupação do resto da Alemanha de além Reno por parte das tropas aliadas: francesas, britânicas, americanas, italianas, belgas e eventuais contingentes aliados como o Japão, a Sérvia, Portugal, a Grécia, etc. A Alemanha não tinha como não aceitar o ultimato - estava demasiado desarmada para resistir a uma acção militar dos Aliados por um lado e, por outro, o poder político alemão sabia-se demasiado frágil para não temer as consequências para si de uma eventual insurreição popular contra os invasores. Só lhe restou «comer e calar», como aconteceu, de resto, com todas as outras exigências apresentadas pelos Aliados na Conferência. Foi nesta Conferência que se definiu a percentagem de distribuição das indemnizações a serem pagas pela Alemanha: 52% para a França, 22% para o Reino Unido, 10% para a Itália, 8% para a Bélgica e os 8% restantes a serem distribuídos pelos outros países aliados entre os quais Portugal. Mas, para que percebamos o quanto isto podia ser moroso, alcançando-se o como repartir, não se chegou ainda a conclusão alguma quanto ao montante a exigir.

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