11 julho 2020

A PANDEMIA E O QUE SE NOTÍCIA A SEU RESPEITO

Ao confrontar-me com este cabeçalho do The Guardian, confesso-vos que a minha reacção foi: «só agora?» A Índia é o segundo país mais populoso do Mundo (1.360 milhões de habitantes) e portanto não é surpresa alguma que que a pandemia registe ali um impressionante número de infectados, os 800 mil a que o jornal agora dá destaque; o que é anormal, e disso os jornais deviam dar conta com ainda mais relevo do que os casos da Índia, são os ridículos 80 mil casos que foram até agora registados - oficialmente - na China, China essa que, registe-se, tem uma população superior à indiana (1.400 milhões). Mas estes não são os únicos casos de números oficiais de infectados que são mais do que duvidosos. A atenção mediática tem estado focada nos Estados Unidos (está sempre! - 3,3 milhões de casos para 330 milhões de habitantes) e no Brasil (1,8 milhões em 210 milhões de habitantes) mas ninguém se tem interrogado sobre a razão dos ridículos registos de infectados apresentados por países de grandes dimensões populacionais como a Indonésia (74 mil para 270 milhões de habitantes) ou a Nigéria (31 mil em 205 milhões de habitantes). Eu acredito que entre os leitores do Guardian não haja grande interesse em cuidar do rigor do que está a acontecer na Nigéria e noutras partes do Mundo, mas é perfeitamente dispensável que os seus jornalistas se entusiasmem assim desta maneira ao constatar que o segundo país mais populoso do Mundo registe centenas de milhares de infectados pela covid-19. É da natureza da própria realidade demográfica. A mesma realidade que torna natural que os países mais populosos registem mais casos do que os menos populosos, mas que também torna suspeitosamente pouco natural que países com a mesma dimensão demográfica apresentem números significativamente distintos: se atentarmos acima, a desproporção de infectados entre a China e a Índia é de 10 para 1; isso, se calhar, é que deveria ser o cabeçalho do The Guardian. Seguido de uma investigação das causas do sucesso chinês... Por curiosidade e ainda a respeito de números oficiais ridículos respeitantes à pandemia, acrescente-se que a desproporção de infectados entre Portugal (46.000) e a Grécia (3.700) é de 12 para 1 e com tendência crescente; na Grécia parece que há muito tempo ninguém se infecta. A Grécia deve ser outro caso de sucesso... Adenda: E como tudo o que tem sucesso noticioso acaba sempre por cá chegar, mesmo com atraso, eis abaixo a mesma notícia promovida pela Lusa no dia seguinte:

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